
Em abril de 2022, uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar revelava um cenário alarmante em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Policiais militares, supostamente membros de uma organização criminosa, estavam envolvidos em atividades de agiotagem e homicídios derivados de empréstimos ilegais. Testemunhas protegidas apontaram os sargentos Saint Clair Soares, Rafael Soares e Alan Victor Soares como figuras centrais nessa rede de assassinatos.
As detenções começaram em maio do mesmo ano, em cumprimento a mandados emitidos pela Justiça Militar. A situação se agravou com a prisão do cabo Felício Pereira Alonso Soler, em junho de 2023, acusado de ser um dos responsáveis pela morte de Jefferson Caetano Barbosa, incidentes que desencadearam uma onda de violência na região, com seis homicídios atribuídos ao grupo até o final de dezembro daquele ano.
Outros dois policiais, incluindo o soldado Luís Guilherme Silva Pavani, estão sob investigação. As acusações não se limitam apenas a envolvimento em crimes, mas também à execução de agiotas, evidenciando uma relação explícita entre os policiais e as ações violentas cometidas a serviço de emprestadores ilegais. Como descrito em um memorando da Corregedoria, os PMs estavam atuando em nome de agiotas para cobrar dívidas não pagas.
“Os policiais militares têm atuado em nome de determinados agiotas na execução da concorrência e na cobrança de dívidas não pagas.”
Entre setembro e dezembro de 2023, a Corregedoria registrou a execução de pelo menos quatro agiotas, todos cometidos de maneira semelhante. Os crimes mostraram uma coordenação surpreendente, com os sargentos executando atividades ilegais mesmo durante seu horário de serviço. Um dos assassinatos mais chocantes aconteceu em 14 de setembro, quando Diego Ermenegildo foi morto em sua borracharia, seguido de outros crimes brutais, todos com a intervenção direta de membros da polícia.
A pesquisa apontou para Bianca Meirelles Nogueira, uma traficante e agiota, como a principal contratante dos homicídios. A vingança motivou o assassinato de Jefferson Caetano Barbosa, que teria sido orquestrado pelos sargentos sob a liderança de Bianca, após a morte de seu parceiro. A dinâmica de crime entre os policiais foi alarmante; uma sequência de encontros e planejamentos os colocava diretamente envolvidos com atos de barbaridade.
Todos os agentes foram enviados para o Presídio Militar Romão Gomes, enquanto a Secretaria da Segurança Pública (SSP) se manifestou, afirmando que investigações sobre possíveis práticas ilegais estavam em andamento. A corporação reiterou que não tolera desvios de conduta entre seus membros e tomou medidas judiciais imediatas.
Esses eventos colocam em evidência a necessidade de uma vigilância contínua e rigorosa sobre a atuação da polícia, destacando que nem todos os que portam um distintivo estão a serviço da lei e da ordem. O que você pensa sobre esse caso? Compartilhe seus comentários e opiniões abaixo!