26 agosto, 2025
terça-feira, 26 agosto, 2025

Relatório da ONU expõe falhas na segurança alimentar brasileira

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O Brasil aparece no relatório da ONU sobre segurança alimentar e nutricional com uma realidade paradoxal e preocupante: embora o país tenha saído oficialmente do Mapa da Fome, os indicadores de obesidade e acesso a uma dieta saudável pioraram de forma significativa desde 2012.

O levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura) avaliou o desempenho brasileiro em 12 categorias. O resultado é contundente: houve melhora em apenas 3, retrocesso em 8, e em um caso não foi possível comparar por falta de séries históricas.

Avanço da obesidade

Os dados revelam uma explosão no risco de obesidade:

  • Em crianças de até 5 anos, o índice saltou de 7,7% para 10,9%.

  • Em adultos acima de 18 anos, o número cresceu de 19,1% para 28,1% da população.

Todos os indicadores relacionados a crianças pequenas apontam piora, enquanto não há registros atualizados sobre adolescentes.

Dieta saudável cada vez mais cara

O estudo mostra ainda que o custo de uma dieta saudável no Brasil aumentou 49% em sete anos – de US$ 3,15 em 2017 para US$ 4,69 em 2024. A consequência é direta: apenas 23,7% da população consegue pagar por uma alimentação equilibrada, o que representa 50,2 milhões de brasileiros.

O melhor cenário ocorreu em 2021, quando o Auxílio Emergencial permitiu que quase 30% da população tivesse acesso a uma dieta saudável. Desde então, a desigualdade alimentar voltou a crescer.

Fome ainda resiste

Embora o governo comemore a saída do Brasil do Mapa da Fome, a insegurança alimentar grave mais que quadruplicou: de 0,7% para 3,4% da população. Já a insegurança alimentar grave ou moderada oscilou para cima, indo de 13,3% para 13,5%.

Política e contradição

O relatório da ONU desmonta o discurso de conquistas isoladas: o país não conseguiu transformar a saída do Mapa da Fome em acesso universal a uma alimentação saudável. O Brasil está diante de uma contradição cruel: a fome diminuiu nos números oficiais, mas a obesidade e a má nutrição se tornaram epidêmicas.

Esse é um retrato político que desafia governos e partidos: um país que não consegue equilibrar o prato de sua população continua preso ao ciclo de desigualdade, doença e insegurança alimentar.

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