26 outubro, 2025
domingo, 26 outubro, 2025

Sociedade civil busca reparação e amparo para órfãos da covid-19

Compartilhe

Logo Agência Brasil
Em 2021, Paola Falceta enfrentou a dor inimaginável de perder sua mãe para a covid-19, uma tragédia que se repetiu para mais de 700 mil brasileiros. A dor tornou-se um catalisador de ação quando Paola fundou a Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas da Covid-19 (Avico), com a intenção de garantir justiça e reparação. Com isso, ela se lançou na batalha por reconhecimento e apoio a todas as famílias devastadas pela pandemia.

Dentre as milhares de vítimas, Paola se preocupava especialmente com as crianças e adolescentes deixados para trás. “Como ficariam aquelas crianças cujos pais trabalhavam em condições precárias ou eram responsáveis sozinhos?”, questionava. Ela sabia que esses jovens não tinham voz própria, invisíveis em sua luta por dignidade e direitos.

Recentemente, um estudo alarmante revelou que cerca de 284 mil crianças e adolescentes no Brasil perderam um cuidador durante a pandemia. A ausência de políticas nacionais voltadas para este grupo vulnerável é uma realidade angustiante. No Ceará, por exemplo, existe um auxílio de R$ 500 para os órfãos, mas em nível federal, tudo parece avançar a passos lentos. Paola já se dirigiu a diversas esferas do governo, buscando resposta e ação.

No Senado, um Projeto de Lei, que tramita desde 2021, pretende estabelecer um fundo para amparar esses órfãos. Além disso, o Ministério dos Direitos Humanos começou a discutir em 2023 medidas de proteção, mas até o momento, as promessas permanecem sem efetivação. Enquanto isso, a Avico tem se dedicado a ações judiciais, incluindo uma representação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Paola responsabiliza pelas mortes desnecessárias. Embora essa ação tenha sido arquivada, permitiu que a associação ganhasse visibilidade e força.

Uma esperança surgida no horizonte é uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal, que busca indenizações para as famílias das vítimas. Cada família poderia receber no mínimo R$ 100 mil, e a proposta de um bilhão de reais destinados ao Fundo Federal de Direitos Difusos tem gerado um fio de esperança entre as famílias impactadas.

A luta por justiça se estende a uma responsabilidade mais ampla do Estado. Milton Alves Santos, coordenador-executivo da Coalizão Orfandade e Direitos, destaca que diversas instâncias governamentais precisam ser responsabilizadas pelos crimes de saúde pública que resultaram nessa tragédia. Ele defende políticas acessíveis que garantam suporte material e psicológico às crianças órfãs, que enfrentam um luto muitas vezes não vivenciado.

Bento, um órfão de apenas 8 anos, é um exemplo das consequências sob os ombros de crianças inocentes. Sua mãe, Ana Lúcia Lopes, ainda lida com a dor da perda do marido, Claudio, um fotógrafo que faleceu em 2021. Mesmo com o auxílio da pensão por morte, Ana Lúcia carrega uma tristeza imensa. “Penso nele todos os dias, imaginando como ele se sentiria orgulhoso das conquistas do Bento,” compartilha.

Para Paola e Milton, a reparação é mais que uma questão financeira; é sobre a manutenção da memória e da verdade. “Sem memória, não há justiça,” afirma Milton, ressaltando a urgência em agir e atender aos direitos das crianças. Paola, determinada, não desiste: se necessário, levará seu clamor ao Tribunal Penal Internacional, pois acredita que justiça deve ser feita.

A luta dessas vozes é um chamado à ação para a sociedade. A pandemia deixou cicatrizes profundas, e é vital que não nos esqueçamos dos que foram deixados para trás. O que você pode fazer para ajudar? Compartilhe seus pensamentos e vamos juntos buscar mudanças significativas.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Veja também

Mais para você