O aumento alarmante das fatalidades relacionadas a motociclistas no Brasil exige uma resposta eficaz e abrangente. A solução, segundo o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo de Lima Catão, passa por um transporte público mais eficiente e um acesso facilitado à Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Durante a entrevista à Agência Brasil, ele destacou que a inclusão dos motociclistas no Sistema Nacional de Trânsito deve ser feita por meio da desburocratização da habilitação e criticou propostas de tributar motocicletas para cobrir os custos com a saúde pública, afirmando que tais medidas penalizam os mais vulneráveis.
Notícias relacionadas:
- Moto cresce como opção perigosa para quem teve mobilidade negada.
- Emergências com motociclistas adiam cirurgias complexas no SUS.
“Como é que você vai criar uma trava penalizando o mais pobre? Isso não resolve essa questão socioeconômica. O caminho não é penalizar, é garantir segurança em um transporte público de qualidade”, defendeu.
Com uma frota que pode atingir 30 milhões nos próximos meses, a realidade se torna ainda mais preocupante. Em alguns estados do Norte e Nordeste, as motocicletas representam mais da metade da frota de veículos: Piauí (55%), Maranhão (60%) e Acre (53%) são exemplos claros dessa estatística. Segundo Catão, a crescente opção pelas motos é uma resposta direta às deficiências do transporte público, especialmente em um país de renda média que vive um crescimento acelerado.
Estudos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) revelam que a participação dos transportes públicos nas viagens motorizadas nas regiões metropolitanas brasileiras caiu drasticamente, com quedas de até 60% em algumas localidades. Uma situação chocante se observa em Manaus, onde o transporte público caiu de 79,8% em 2005 para apenas 20,4% em 2024.
“É natural que as pessoas, ao melhorarem suas condições, queiram aumentar sua qualidade de vida. O transporte é um problema nas grandes e médias cidades,” explicou Catão, ressaltando que a falta de alternativas de qualidade leva os cidadãos a optar pelas motocicletas.
As dificuldades enfrentadas pela infraestrutura urbana são evidentes. Catão destaca a vulnerabilidade das motos e a necessidade de repensar a estrutura urbana para garantir segurança a todos os usuários. Cerca de 20 milhões de brasileiros pilotam motos sem CNH, algo que só aumenta a gravidade do panorama. A simplificação do processo de obtenção da CNH, visada pelo Ministério dos Transportes, visa incluir mais cidadãos no sistema, reduzindo custos e promovendo um comportamento mais responsável no trânsito.
“Formalizar essas pessoas no sistema é crucial. Quanto mais regularizadas estiverem, maior a tendência de obedecer à legislação e, consequentemente, de promover segurança”, acredita Catão.
O secretário também enfatizou que a gestão de velocidade e a implementação de moderadores de tráfego são essenciais para garantir a segurança nas vias. Ele defende que líderes municipais devem conduzir um diálogo sobre a gestão de velocidade, permitindo um uso mais seguro das ruas.
Por fim, Catão reflectiu sobre o papel das plataformas digitais que trabalham com motociclistas, como as de entrega. Ele acredita que estas plataformas têm uma responsabilidade crescente em garantir que seus motoristas estejam habilitados e que as condições de operação sejam seguras.
O transporte público, a habilitação mais acessível e a segurança viária são tópicos centrais para uma discussão necessária sobre mobilidade. O que você pensa sobre as soluções apresentadas? Compartilhe suas opiniões ou sugestões nos comentários!