Em um marco inédito em Bragança Paulista, o trisal composto por Priscila Mira, Marcel Mira e Regiane Gabarra traz à tona uma nova compreensão sobre família. Com o registro de dois de seus filhos, Isabela, de 13 anos, e Pierre, de 3 anos, a parentalidade tripla agora é oficialmente reconhecida na certidão de nascimento. “Foi uma sensação de igualdade e pertencimento”, compartilha Priscila.
A jornada até essa conquista foi marcada por desafios jurídicos e emocionais. Pierre, o caçula e resultado de uma fertilização in vitro, trouxe a promessa de uma nova vida. “O Marcel já havia sido vasectomizado, mas a Regiane sonhava em ser mãe. Na primeira tentativa, Pierre veio como a cereja do bolo”, explica Priscila, cheia de orgulho.
O início do processo, no entanto, não foi fácil. O registro de Pierre foi inicialmente negado pelo cartório, que se recusou a reconhecer Priscila como mãe. Determinados, buscaram apoio jurídico e, após dez meses de batalhas judiciais, conseguiram a certidão. “Para muitos, pode ser apenas um papel, mas para nós, é a confirmação da nossa família. Agora sou parte ativa da vida do meu filho”, enfatiza Priscila, mãe socioafetiva.

Após Pierre, foi a vez de Isabela, filha biológica de Priscila e Marcel. Ela sempre viu Regiane como mãe e desejava esse reconhecimento oficial. Como já tinha mais de 12 anos, a mudança foi feita diretamente no cartório. “Ela ficou radiante com a notícia e até quis trocar o RG. Brincamos que agora é a Gabarra legítima”, compartilha Priscila, com alegria.
O trisal não parou por aí. Eles têm dois filhos mais velhos, Reginaldo, de 21 anos, irmão biológico de Regiane, e Sara, de 18 anos. Ambos optaram por manter seus registros como estavam. “Respeitamos o tempo e o desejo de cada um. Não pressionamos ninguém”, afirma Priscila, em um gesto de amor e compreensão.

A história de amor entre Priscila, Marcel e Regiane começou como amizade. Regiane, que enfrentava a solidão após a perda dos pais, encontrou um lar em Priscila e Marcel. “Nos tornamos uma família antes mesmo de nos assumirmos como um trisal”, relembra Priscila. Após sete anos juntos, o reconhecimento oficial é um grande passo na busca por igualdade. “Agora é um direito que ninguém pode nos tirar. Segurança é fundamental”, conclui.
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