Na última quarta-feira, no coração de Salvador, o Ministério Público Federal (MPF) promoveu uma audiência pública crucial sobre a Ponte Salvador-Itaparica. Este encontro, cuidadosamente planejado, teve como objetivo unir as vozes das comunidades tradicionais e os representantes do governo e do consórcio responsável pela obra, visando discutir os impactos deste projeto que promete transformar a região.
Conduzidos pelos procuradores Marcos André Carneiro da Silva e Ramiro Rockenbach, os debates atraíram lideranças de Salvador, Itaparica e Vera Cruz, além de pesquisadores e especialistas. O cenário estava montado para ouvir as preocupações e aspirações de quem será diretamente impactado pela construção da ponte, resultado de uma Parceria Público-Privada.
O procurador Marcos André ressaltou a importância de atender a um pedido das comunidades, reconhecendo que já haviam sido realizadas reuniões em Itaparica. “O Ministério Público é um espaço para que as vozes sejam ouvidas, e esta audiência é uma oportunidade para expressar anseios e dúvidas”, afirmou, criando um ambiente propício ao diálogo.
Após mais de seis horas de discussões, onde mais de 40 vozes se levantaram, as manifestações revelaram um forte descontentamento com a maneira como o projeto está sendo conduzido. Os pontos críticos levantados pelas lideranças incluíram:
- A ausência de consulta prévia, livre e informada aos Povos e Comunidades Tradicionais, como estipulado pela Convenção 169 da OIT;
- Custos elevados de pedágio, que podem onerar os moradores da ilha;
- A falta de infraestrutura para receber o aumento populacional previsto;
- Dificuldades na regularização fundiária das terras das comunidades originais;
- Perda de espaços sagrados e a desocupação de terreiros, essenciais para a prática religiosa;
- Especulação imobiliária que pode prejudicar as comunidades locais;
- Crescimento do racismo e da intolerância religiosa;
- Degradação ambiental que ameaça manguezais e áreas de pesca, afetando diretamente a economia e o modo de vida de pescadores e marisqueiros.
Esses pontos revelam um cenário tenso e de incerteza que paira sobre as comunidades impactadas. A audiência não apenas destacou a voz dos mais afetados, mas também enfatizou a importância da escuta e do respeito aos direitos daqueles que vivem em harmonia com a terra. O futuro da Ponte Salvador-Itaparica precisa ser moldado por um diálogo verdadeiro e inclusivo. Sua opinião é fundamental: o que você pensa sobre os impactos da construção? Compartilhe suas ideias nos comentários!