No coração da Cúpula dos Países Amazônicos, realizada em Bogotá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colocou em foco as injustiças do que chamou de “hipocrisia verde” por parte dos países desenvolvidos. Em um discurso incisivo, Lula destacou como essas nações utilizam a luta contra o desmatamento como uma justificativa para implementar medidas protecionistas que prejudicam os países em desenvolvimento, enquanto o combate ao crime organizado é frequentemente um pretexto para invadir suas soberanias.
“Aqueles que poluíram o planeta têm a audácia de nos acusar de não cuidar da nossa floresta”, protestou Lula, enfatizando que a solução para a crise climática passa pela união dos países frente ao desafio. Ele argumentou que “não existe saída individual para a crise climática” e que, em vez disso, precisamos de uma nova governança global que favoreça a colaboração.
O evento contou com a presença de líderes de diversos países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), incluindo Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além do Brasil. Em um contexto de tensões regionais, Lula também se posicionou sobre a recente decisão do governo dos Estados Unidos em enviar navios de guerra ao Caribe, uma ação que muitos veem como uma ameaça à soberania da Venezuela.
Anunciando um plano robusto para fortalecer a luta contra crimes que assolam a Amazônia, Lula convidou os presidentes da OTCA para a inauguração de um centro de cooperação policial internacional em Manaus, com a data marcada para 9 de setembro. Este centro será fundamental na luta contra o garimpo ilegal, narcotráfico e contrabando de armas.
O presidente brasileiro não hesitou em criticar a postura unilateral de Donald Trump em relação ao Acordo de Paris e o desprezo por organismos internacionais na busca por soluções climáticas. “O mundo precisa de um diálogo entre nações, e o convite para que Trump participe da COP30 em Belém continua de pé”, disse Lula.
Em um passo significativo, Lula também apresentou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), uma iniciativa destinada a captar recursos internacionais para financiar ações de preservação ambiental em países em desenvolvimento, começando pela Amazônia. “Estamos propondo um fundo para manter as florestas em pé e os indígenas vivos”, afirmou, reforçando que a proteção da Amazônia é uma questão de sobrevivência global.
A Cúpula de Bogotá se propõe a fortalecer a cooperação regional em prol da Amazônia, culminando na Declaração de Bogotá, que visa reafirmar compromissos com o desenvolvimento sustentável e a proteção dos direitos das comunidades locais. O futuro da nossa floresta e do planeta depende da ação conjunta e solidária.
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