Câmara dos Deputados derrubou na noite desta quarta-feira (8) a Medida Provisória alternativa ao Imposto sobre Operações Financeiras
Ricardo Stuckert / PR

Lula afirma que pretende reunir seus ministros para discutir alternativas de arrecadação após a derrota do governo no Congresso
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (9) que conversou com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ainda na quarta (8), depois de a Câmara dos Deputados decidir retirar de pauta a medida provisória – o que, na prática, fez com que ela perdesse a validade. A declaração de Lula foi dada em entrevista à rádio Piatã, da Bahia. “Ontem (quarta) liguei para Haddad e Gleisi e disse para relaxarmos, não vamos perder o fim de semana discutindo o que aconteceu no Congresso. Estou indo para a Bahia, depois vou a São Paulo, depois a Roma. Eu volto na quarta-feira a Brasília, aí sim vou reunir o governo para discutir como vamos propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que hoje tem fintech maior que banco, paguem o imposto devido a esse país”, declarou.
Lula disse que é preciso “garantir que benefícios sociais não sejam destruídos”. Segundo ele, “o problema é que se o povo não tomar cuidado, pode vir um governo que destrua tudo aquilo que é política de inclusão social”.
A MP com alternativas à alta do IOF garantiria ao governo alguns bilhões em arrecadação. Esse dinheiro foi encarado por integrantes da oposição como uma forma de ajudar o presidente Lula no ano da eleição a ter recurso em caixa para garantir benefícios sociais e, com isso, ter mais chance de vencer o pleito. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, explicitou esse pensamento publicamente ontem. Ele disse votar a favor da MP seria “votar para aumentar impostos e dar um presente de R$ 30 bilhões para o governo Lula torrar em 2026 – com mais medidas populistas e irresponsáveis”.
Reunião com ministros
Lula também disse nesta quinta-feira que pretende reunir seus ministros na próxima quarta-feira (15) para discutir alternativas de arrecadação após a derrota do governo no Congresso, com a derrubada da Medida Provisória alternativa ao IOF, que taxava bets e fintechs, por exemplo. A proposta já era uma forma de compensar o recuo feito no aumento do IOF.
Durante a entrevista, o presidente entrou no assunto por conta própria, quando falava sobre como o governo vem realizando políticas de inclusão social. Ele lamentou a decisão do Congresso e demonstrou irritação com o resultado: “Ontem (quarta-feira), o Congresso Nacional não derrotou o governo, derrotou o povo brasileiro”.
Na fala à rádio, o presidente disse que estava otimista, com a convicção de que nunca houve na história do Brasil política de inclusão social que chegasse perto do que sua gestão vem fazendo e entrou no tema da derrota da MP do IOF: “E é essa inclusão que faz com que as pessoas mais pobres subam um degrau na escala social. Fico muito triste porque ontem o Congresso poderia ter aprovado para que ricos pagassem mais imposto. Nós estávamos propondo 18%, foi negociado para fintechs pagarem 12%, e não quiseram. Recusaram pagar”.
“É engraçado que o povo trabalhador paga 27,5% de imposto renda do seu salário e os ricos não querem pagar 12%, não querem pagar 18%”, disse Lula. O presidente reafirmou que não foi uma derrota do governo, foi uma derrota imposta ao povo brasileiro. “Derrotaram a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro, tirando mais dinheiro dos ricos e distribuindo para os pobres. Foi isso que aconteceu ontem no Congresso Nacional”, completou.
Antes da votação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou que o Congresso Nacional cumprisse o acordo firmado com o governo federal para aprovação da MP. Haddad disse que o governo manteve diálogo com os parlamentares e que fez concessões. No entanto, os partidos do centrão vinham se posicionando contra a medida.
*Com informações do Estadão Conteúdo e da Agência Brasil
Publicado por Nícolas Robert