A França se encontra em um momento crítico. Na terça-feira (9), o presidente Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu, até então ministro da Defesa, como o novo primeiro-ministro. Com apenas 39 anos, Lecornu assume a liderança em um cenário político turbulento, marcado pela necessidade urgente de aprovar um orçamento para 2026 e lidar com uma crise política de profundidade alarmante.
Esse anúncio ocorre na véspera de um dia de protestos, convocados por movimentos sociais que utilizam as redes para mobilizar a população sob o lema “Vamos bloquear tudo”. Macron, ciente do desafio à frente, pediu a Lecornu que consultasse todas as forças políticas no Parlamento para alcançar os acordos essenciais nas próximas decisões. Este movimento se torna ainda mais complexo quando consideramos que a Assembleia Nacional está dividida em três blocos significativos: esquerda, centro-direita e extrema-direita, sem uma maioria estável a se formar.
As reações à nomeação de Lecornu não tardaram a se manifestar. A líder de extrema-direita, Marine Le Pen, declarou que o presidente disparou “o último cartucho do macronismo”. Já o líder da esquerda, Jean-Luc Mélenchon, criticou a situação como uma “tragicomédia de desprezo” e reiterou o pedido pela saída de Macron. O clima é de tensão, com partidos da coalizão governista expressando a intenção de colaborar com o novo primeiro-ministro, mas sem alcançar a maioria necessária para efetivar mudanças significativas.
Macron, ao criar este novo governo, carrega consigo o peso da “ira social” em ascensão. O Partido Socialista alertou que, sem justiça social, fiscal e ambiental, a crise política só tende a agravar-se. A transferência formal de poder ocorrerá na quarta-feira, coincidentemente durante os protestos organizados, lembrando a turbulência provocada pelos “coletes amarelos” entre 2018 e 2019. Os sinais de alerta estão acesos; um movimento social massivo pode estar em seu horizonte.
A pressão é sentida ainda mais com um orçamento previsto que ocasionou a queda de Bayrou, o antecessor de Lecornu. O plano inclui cortes de 44 bilhões de euros e a eliminação de feriados, uma mensagem clara sobre o aperto fiscal que se aproxima. O novo primeiro-ministro terá a ingrata tarefa de proseguir com essas negociações em meio a um clima econômico tenso, com a classificação de crédito da França sendo revista na sexta-feira pela Fitch, um momento decisivo na avaliação da saúde fiscal do país.
Enquanto Lecornu mergulha em sua nova posição, a população expressa suas frustrações. Como disse uma estudante universitária em Paris, “há um cansaço geral, sentimos o quanto o padrão de vida diminuiu e como o Estado nos maltrata”. O desafio está lançado para o novo líder: será que ele conseguirá construir a ponte necessária entre um governo sob pressão e uma população cada vez mais insatisfeita? Acompanhe as cenas dos próximos capítulos e compartilhe suas opiniões nos comentários!