27 setembro, 2025
sábado, 27 setembro, 2025

Majur, Otto, Marcelo Nova e Chico Chico: como será tributo a Raul Seixas em Salvador

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TOCA RAUL

Rei do rock é reverenciado por vários artistas em homenagem ao seu legado e aos 80 anos de idade que faria em 2025

Grazy Kaimbé

Por Grazy Kaimbé

27/09/2025 – 5:21 h

Raulzito vive! Tributo no Largo da Mariquita promete arrepiar fãs de todas as idades

Raulzito vive! Tributo no Largo da Mariquita promete arrepiar fãs de todas as idades –

O Largo da Mariquita, localizado no bairro do Rio Vermelho, recebe amanhã, 28, a partir das 18h, o espetáculo Raul de Todos os Santos, que celebra os 80 anos de Raul Seixas com veteranos e novos artistas da música brasileira, em um tributo ao legado do ícone do rock nacional, morto em 1989. O espetáculo também marca o encerramento do 11º Festival da Primavera de Salvador.

Vivi Seixas, DJ, produtora cultural e filha do cantor, assina a curadoria e conta que essa apresentação tem um significado especial. “Todos os eventos que celebram meu pai são emocionantes para mim, mas esse tem um significado muito especial. Salvador é a terra onde ele nasceu e, nesses 80 anos, não poderia ficar de fora das homenagens. Acho muito simbólico que a cidade abrace sua história”, conta.

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Aberto ao público, o show pretende reafirmar o lugar do artista como um dos mais importantes nomes da música brasileira. Vivi salienta que o tributo não é apenas uma lembrança nostálgica, mas um gesto de continuidade.

“Esse show representa uma volta às origens. Estar aqui celebrando os 80 anos dele com o público da cidade natal é como fechar um ciclo e, ao mesmo tempo, abrir um novo. É emocionante poder conectar a história da minha família, a música dele e a energia dessa cidade”, diz a anfitriã.

Vivi Seixas, DJ, produtora cultural e filha do cantor, assina a curadoria

Vivi Seixas, DJ, produtora cultural e filha do cantor, assina a curadoria | Foto: Divulgação

As homenagens reúnem artistas que atravessam épocas e linguagens. Entre os veteranos estão Otto, Lirinha e Marcelo Nova, parceiro direto de Raul em discos e palcos. Da cena baiana, Marcos Clement, intérprete e estudioso da obra do artista, soma-se ao tributo. A nova geração também marca presença, com as cantoras Majur, Larissa Luz, Clariana, Rafa Luz, Thathi, Érika Martins, Lutte e Chico Chico.

A escolha dos artistas convidados foi feita, segundo Vivi, de modo a garantir que cada um tivesse relação verdadeira com a obra de Raul. “Ninguém está ali apenas para ‘cumprir tabela’. Todos que participam desse tributo gostam de Raul de verdade, carregam uma ligação afetiva ou artística com a obra dele. É isso que garante que o palco seja um espaço de entrega e emoção, não só de performance”, conta.

Segundo a artista, o festival em Salvador terá uma marca distinta dentro das celebrações nacionais. “O Raul de Todos os Santos tem algo único: acontece na terra onde Raul nasceu. Isso já dá um peso simbólico enorme. E, ainda por cima, é um festival aberto ao público, gratuito, no Largo da Mariquita, ou seja, realmente acessível a todos. Espero é que o público se divirta, que grite muito ‘toca Raul!’, que se emocione junto com a gente”, enfatiza.

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Homenagens

Chico Chico, filho de Cássia Eller

Chico Chico, filho de Cássia Eller | Foto: Divulgação

A vitalidade da obra de Raul Seixas pode ser medida pela quantidade de homenagens espalhadas pelo país. A Globoplay lançou em junho a série documental Raul Seixas: Eu Sou, que revisita sua trajetória com um olhar íntimo sobre vida e carreira do artista.

No mesmo mês, no dia em que completaria 80 anos, o Circo Voador, no Rio de Janeiro, recebeu o espetáculo O Baú do Raul – Especial 80 Anos, com participações de Frejat, Paulinho Moska, Rick Ferreira, Arnaldo Brandão, Baia, Ana Cañas, André Prando, BNegão e Emílio Dantas.

Em São Paulo, a exposição imersiva Baú do Raul ocupa até este domingo (28) o Museu da Imagem e do Som (MIS), reunindo centenas de itens originais do artista, como roupas, instrumentos e manuscritos, distribuídos em 15 salas que recriam sua vida e obra.

Vivi Seixas supõe que o segredo da permanência desse legado está no diálogo entre a essência e as novas linguagens. “Hoje os jovens consomem música em redes sociais, em vídeos curtos, mas isso não impede que eles se conectem com letras e ideias mais profundas”.

“O que precisamos é criar pontes: relançar faixas, trazer releituras, aproximar Raul das novas linguagens. A mensagem dele continua potente e pode tocar um adolescente de hoje da mesma forma que tocou jovens nos anos 70”, alinhava.

Essa capacidade de atravessar gerações se explica, na visão dela, pela combinação de temas universais e linguagem acessível. “Meu pai falava de liberdade, de autoconhecimento, de quebrar padrões e sonhar, temas que continuam atuais, talvez até mais hoje do que em sua época. Além disso, a linguagem dele sempre foi acessível e, ao mesmo tempo, profunda, o que permite que cada geração se reconheça nas músicas. Raul tem essa combinação rara de poesia, rebeldia e humanidade que nunca envelhece”.

Legado

Marcelo Nova foi parceiro direto de Raul em discos e palcos

Marcelo Nova foi parceiro direto de Raul em discos e palcos | Foto: Divulgação

A presença de Marcelo Nova, parceiro de Raul em seu último disco, A Panela do Diabo (1989), também dá um peso histórico ao evento. O álbum, lançado meses antes da morte do cantor, é considerado um dos pontos altos da discografia de ambos.

“Representa também a vitória de dois indivíduos sobre o ‘esquemão’, os grandes esquemas, sobre os conglomerados, sobre as gravadoras e sobre a mídia, que na época não tinha o menor interesse na junção desses dois artistas. A Panela do Diabo é um trabalho que incluo entre os melhores que já fiz”, conta.

O cantor lembra que viu Raul ainda garoto, nos anos 1960, quando ele tocava com Os Panteras. Décadas depois, puderam dividir um disco inteiro. “Quase 30 anos depois, fizemos o que fizemos e, olhando em retrospectiva, isso é motivo de orgulho para mim. Eu sempre incluo nas minhas apresentações algumas canções que fizemos juntos, como uma forma de carimbo”.

Sobre Raul, Nova é categórico: “Um talento muito grande, recheado de sarcasmo, humor, pertinência, raciocínio; letras que nos induziam a refletir sobre o nosso dia a dia, sobre o país em que vivemos. Do ponto de vista individual, o Raul era um homem muito, muito generoso”.

“Oitenta anos de Raulzito, eu não poderia ficar de fora de uma celebração dessas, de jeito nenhum. Pena que nos 100 anos eu já não estarei mais aqui. Porém, a obra de Raulzito continuará brilhando, cintilando, por tempos e tempos que virão. Viva Raulzito!”, celebra e brinca ao mesmo tempo.

Um dos destaques da nova cena musical baiana, a cantora Majur conta que encontrou no rock de Raul um reflexo de sua própria expressão artística. “Raul é rock, é futuro, é pensamento libertário. E é tudo que eu sou também. A minha voz é, de fato, uma voz rock, potente, que parece rasgar, como um trovão”.

“Raul também tinha essa expressão vocal de sempre elevar as canções. Ele partia de uma nota e rasgava em algo mais alto justamente para levar o público junto, jogar energia para cima. Acho que isso se assemelha muito ao que faço aqui”, arremata.

Majur vê afinidades entre sua trajetória e a postura de Raul diante da sociedade. “Sou uma pessoa que vai para a internet falar sobre questões étnicas, raciais e de gênero. Já tenho esse espírito disruptivo e questionador. A minha geração é aquela que coloca tudo na mesa, em pratos limpos, quer saber todos os detalhes e estar envolvida nas ações políticas. Acho que isso tem muito a ver entre mim e o Raul. Ele foi um artista que rompeu muitos padrões, e eu também rompo vários padrões”, finaliza.

Raul de Todos os Santos / Festival da Primavera / Largo da Mariquita, Rio Vermelho / 28 de setembro / 18h / Gratuito

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