Uma tragédia sem precedentes se desenrolou nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, durante uma megaoperação contra o Comando Vermelho (CV) na terça-feira (28). O número de mortos superou o massacre do Carandiru, que ocorreu em 1992. Até a tarde de quarta-feira (29), o governo do Rio confirmou 119 mortes, incluindo quatro policiais. Este trágico saldo, segundo a Defensoria Pública, pode chegar a 132 vítimas.
Moradores da Penha trouxeram cerca de 60 corpos para a praça local, um ato que ecoa dor e desespero. “Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, desabafou Jéssica, uma residente em meio ao caos. Os corpos, amarrados e com marcas de facadas, revelam uma brutalidade que choca e assusta. Um dos corpos encontrado apresentava sinais extremados de violência, incluindo decapitação.
A operação, que envolveu 2.500 policiais, blindados e helicópteros, foi considerada a mais letal da história do Estado. O governador Cláudio Castro (PL) a defende como um sucesso, mas a realidade é que o CV resistiu com drones armados, uma demonstração do nível de conflito entre o crime organizado e o Estado. Com este evento, o Rio viveu duas operações anteriores igualmente mortais, sob a direção do mesmo governo, que registraram 23 e 28 homicídios nas favelas da Penha e do Jacarezinho, respetivamente.
Relembrando a tragédia do Carandiru, onde 111 presos foram mortos em confrontos, vemos um eco lamentável entre os dois eventos. Em 1º de outubro de 1992, um conflito entre três detentos resultou em uma violenta intervenção policial, com centenas de PMs invadindo o pavilhão 9. O educador cultural Claudio Cruz, que passou décadas encarcerado, recorda o terror daquela tarde: “Ouvimos os tiros e gritos, o desespero tomou conta.” O eco daquelas balas ainda ressoa na memória coletiva do país.
Essas tragédias nos convocam à reflexão. Que mudanças precisam ser feitas para evitar que histórias assim se repitam? Compartilhe sua opinião e torne-se parte da conversa sobre nossa realidade!