Parte do bairro da Mooca, na zona leste, tem vivido dias de apreensão e tristeza após a morte do empresário Ricardo Lopes Mira, uma das vítimas da contaminação de bebida por metanol em São Paulo. Além do amigo que se foi, temem pelo destino do “bar do Chiquinho”, como é conhecido o Torres Bar, fechado depois da tragédia, onde estaria a vodca “batizada”.
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Autoridades paulistas realizam operações contra a intoxicação por metanol em bebidas
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Peritos analisam destilados em SP
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Autoridades apreenderam em um mercadinho mais de 40 garrafas de whisky, gin e vodca
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Procon participa da operação também
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Polícia de SP diz que investiga quatro casos de contaminação por metanol na capital e mais quatro na Grande SP
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Um estabelecimento no Jardins, outro na Mooca, um na Vila Mariana e outro em São Bernardo foram interditados
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Entre terça e quarta, foram apreendidas 800 garrafas de bebidas alcoólicas suspeitas de adulteração
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Vigilância Sanitária trabalha em conjunto com a Policia Civil de SP
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Duas pessoas foram presas suspeitas de envolvimento na intoxicação por metanol
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Só nesta terça-feira, 112 garrafas de vodca foram apreendidas em diversos pontos da capital paulista
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Os bares estão sendo interditados de maneira cautelar
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Operação apreendeu 50 mil garrafas de bebidas adulteradas
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Quatro estabelecimentos foram interditados e um proibido de vender bebidas alcoólicas após operação em SP
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Vigilância Sanitária interditou alguns estabelecimentos em SP
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Estabelecimento nos Jardins é interditado pelas autoridades sanitárias após caso de intoxicação de bebidas com metanol
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Bar na Mooca fechado
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A Mooca é um dos bairros mais italianos de São Paulo, com moradores de sotaque e gestos expansivos, bastante característicos, além de lar do Juventus, um time de futebol que sempre contou com a simpatia dos paulistanos. É um lugar que cultiva e se orgulha das suas tradições.
O Torres Bar fica em uma das regiões do bairro que reúnem desde casas típicas de classe média até prédios de alto padrão. O estabelecimento é frequentado por profissionais liberais e gente que, mesmo conseguindo dinheiro nas últimas décadas, não abandonou as suas raízes e seus amigos. O lugar tem na feijoada um prato de excelência, segundo clientes.
Sobra espaço para descontração. Na árvore em frente, ficava pendurado um macaco hidráulico e a placa “favor não alimentar o macaco”. Como nem todos entendiam a brincadeira, trataram de arrumar um macaco de pelúcia.
Na árvore em frente ao bar, ficava pendurado um macaco hidráulico e a placa “favor não alimentar o macaco”. Como nem todos entendiam a brincadeira, trataram de arrumar um macaco de pelúcia para deixar no local
Foi nesse contexto de camaradagem entre vizinhos que uma mensagem de áudio caiu em celulares de moradores da região e se espalhou rapidamente até para quem é de fora. Conta a trágica morte do empresário, que realmente gostava de vodca com Coca-Cola, como diz quem enviou. Também fala sobre amigos frequentadores do bar que foram hospitalizados e ainda detalha mais morte atribuída à bebida contaminada, sem a confirmação por laudo. A reportagem tentou contato com o autor do áudio, que vive em um bairro próximo, mas não conseguiu até a publicação.
Entre as pessoas que sabem o que aconteceu, os principais comentários são de que há alguma verdade no que foi divulgado em áudio pelo narrador, conhecido de todos, mas talvez em um tom um pouco acima do ocorrido, como forma de alertar veementemente os amigos sobre os riscos de se consumir destilados neste momento.
De fato, por exemplo, o que se sabe é que há um corretor de imóveis que frequentava e bebia com os amigos no bar, que segue internado em situação grave, segundo quem é próximo dele. Todos recebem informações diárias sobre o estado de saúde e vibram com qualquer sinal de recuperação, bem como ficam tristes quando as notícias não tão boas.
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No mais, o que se percebe também é uma tentativa de preservar a imagem do “bar do Chiquinho”. “Você acha que ele queria envenenar os amigos? Eles frequentavam as casas uns dos outros”, disse um conhecido que, a exemplo dos demais, não quis se identificar.
A reportagem conversou também com uma pessoa que trabalhou no bar no passado e garantiu que fazia as compras de bebidas em atacadistas de confiança naqueles tempos. Também afirmou que não tem dúvidas da boa índole do proprietário do bar, de quem sempre foi amigo, tal como do empresário.
Entre outros próximos da turma, as dúvidas são sobre o local exato da contaminação. Dois amigos que tomavam vinho em um começo de noite repentinamente frio, na praça onde fica o apartamento do empresário, disseram que os conhecidos de bairro bebem em vários lugares. Às vezes, param em um bar, depois em outro, e assim vão. Portanto, seria impreciso indicar um único ponto, na opinião deles. A informação é confirmada por outras pessoas.
O Metrópoles tentou contato com a família do empresário, mas a pessoa na portaria do prédio afirmou que ninguém gostaria de se manifestar.
Como amigos que não perdem a piada nem mesmo na hora da morte, em vários locais a reportagem ouviu em tom de lamento e desafio um “não quer tomar uma vodca?”, o tipo de comentário que, diante da gravidade da situação, só faz sentido entre pessoas que se conhecem há muito tempo e tem intimidade suficiente para brincar e aliviar a tristeza, mesmo quando o que impera é o infortúnio.