28 setembro, 2025
domingo, 28 setembro, 2025

Michelle Bolsonaro nega, sem negar, que queira suceder ao marido 

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Família que reza unida permanece unida, pregou em marchas pelo Brasil no final de 1963 o padre Patrick Peyton, pároco estadunidense de origem irlandesa, conhecido por sua militância anticomunista. Descobriu-se mais tarde que ele era agente da CIA, a serviço do golpe consumado em 31 de março do ano seguinte.

Não há registros convincentes de que a família Bolsonaro costume rezar unida. Se reza, é cada um para seu lado e às escondidas. Michelle é a única que faz questão de rezar em eventos públicos, e de preferência em línguas estranhas. Talvez por isso, a família Bolsonaro é tão desunida e vive permanentemente às turras.

Ali, manda quem pode, o fundador do clã, obedece quem tem juízo – e poucos têm. Bolsonaro se diz católico, embora batizado por um pastor evangélico nas águas do rio Jordão, em Israel. O tal do pastor, à época presidente do PSC, depois foi preso por corrupção. Não convidem para a mesma mesa Michelle e seus enteados.

Bolsonaro já mandou mais na família. Agora, condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe e abolição violenta da democracia, assiste infeliz a disputa, interna e externa, por sua herança de votos. Eduardo, o Zero Três, quer sucedê-lo como líder da extrema-direita. Michelle finge que não, mas também quer.

No último dia 24, em entrevista ao jornal inglês The Telegraph, ela declarou: “Eu me levantarei como uma leoa para defender nossos valores conservadores, a verdade e a justiça. Se, para cumprir a vontade de Deus, for necessário assumir uma candidatura política, estarei pronta para fazer o que Ele me pedir.”

Antes, quem falava por Deus sobre assuntos políticos aos ouvidos de Michelle era Bolsonaro, e ela se limitava a cumprir às suas ordens. Uma vez que o marido se tornou um anjo decaído, expulso do Paraíso e condenado às trevas, Michelle passou a dispensar a intermediação de Bolsonaro entre ela e Deus. Afoita, a moça!

Resultado: Bolsonaro, desautorizado por ela como porta-voz de Deus, deu-lhe um tranco e obrigou-a a dar o dito pelo não dito. Se ele, tantas vezes em sua vida, já recuou do que disse, por que não Michelle, e pelo menos uma vez?  Então, Michelle, ontem, negou, sem negar completamente, que aspire a qualquer cargo político.

Negou ao dizer em uma reunião de mulheres em Rondônia:

“Vamos trabalhar para reeleger o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro. Eu não quero ser presidente, não. Eu quero ser primeira-dama”.

Não negou ao acrescentar:

“Nós somos mulheres que acolhem, que alimentam, que ajudam, que cuidam e defendem os seus como leoa. Nós vamos defender a nossa família. O meu marido está dentro de casa, mas, se ele quiser, eu serei a voz dele nos quatro cantos desta nação. Eu não vou baixar a minha cabeça diante dessa injustiça. Eu ajoelho todos os dias, e oro, e peço a Deus que eles venham receber tudo o que eles fizeram de mal contra pessoas inocentes”.

O Deus da Bíblia é amor, não vingança. Não é possível que Michelle, uma evangélica exemplar, ignore isso. Soberba é pecado.

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