Um espetáculo emblemático teve lugar no último sábado (6/7) em Zagreb, Croácia, com milhares de fãs se reunindo para prestigiar o cantor nacionalista Marko Perković Thompson. Anunciado como o maior concerto privado da Europa, o show acabou polarizando a opinião pública ao relembrar saudabilidades controversas da era nazista.
Durante a apresentação de sua canção mais famosa, Thompson fez com que a multidão recitasse em uníssono: “Pela pátria, prontos!”, um lema ligado ao regime fascista Ustase, que atuou sob a sombra do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Para muitos presentes, a frase se tornou um símbolo de identidade nacional, destacando bandeiras croatas enquanto ecoava nos ares da cidade.
Entre 1941 e 1945, as tropas Ustase implementaram uma política de perseguição violenta, resultando na morte de milhares de sérvios, judeus, ciganos e croatas antifascistas. Mesmo após o colapso do regime e o retorno da Croácia à Iugoslávia, uma parte da população ainda reverencia esses líderes como os fundadores da Croácia independente.
Com a presença de quase meio milhão de pessoas no Hipódromo de Zagreb, o evento teve suas ruas centrais interditadas para garantir a segurança, mobilizando cerca de 6 mil policiais. Apesar do grande público, a controvérsia em torno das saudações de Thompson levantou críticas acaloradas, especialmente entre as comunidades sérvias e croatas.
Thompson, cujo nome artístico é uma referência a uma metralhadora americana, se defende ao afirmar que suas letras representam amor à pátria e recordam a Guerra de Independência da Croácia, não o fascismo. Embora suas canções sejam rápidas em apelar a um forte nacionalismo, muitos críticos insistem que essas expressões estão irremediavelmente ligadas ao passado sombrio do país.
O político sérvio Aleksandar Vučić e o ex-presidente Boris Tadić não hesitaram em chamá-lo de apoiador de ideais pró-nazistas, enquanto Zoran Milanović, presidente da Croácia, também se manifestou contra a presença de simbolismos Ustase na cultura croata contemporânea. Para ele, tais referências não têm lugar em uma república democrática.
A popularidade crescente de Thompson reflete uma onda de sentimentos nacionalistas, não apenas na Croácia, mas em toda a Europa. Durante uma era de revisão histórica, a música e os festivais de Thompson se tornam veículos de uma narrativa que muitos associam à aceitação social do extremismo, normalizando ideias controversas entre as elites do país.
Esse fenômeno, observado atentamente por musicólogos e historiadores, representa um desafio à história e à memória coletiva croata. A ironia é que, em meio ao espetáculo, surgem discussões profundas sobre identidade, memória e o futuro da Croácia na Europa.
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