20 outubro, 2025
segunda-feira, 20 outubro, 2025

Moradores de Hong Kong pagam caro para viver em “apartamentos-caixão”

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MUNDO

Moradores enfrentam aluguéis de até R$ 1.400 para viver em microapartamentos sem janelas

Isabela Cardoso

Trabalhadores vivem comprimidos em cubículos de até 9 m²

Trabalhadores vivem comprimidos em cubículos de até 9 m² –

Em Hong Kong, uma das cidades mais densas e caras do mundo, o direito à moradia se tornou um verdadeiro desafio. Entre arranha-céus luxuosos e a paisagem urbana vibrante, muitos enfrentam a dura realidade de viver em microapartamentos, conhecidos como “apartamentos-caixão”. Esses espaços minúsculos, muitas vezes sem janelas, revelam um retrato alarmante da desigualdade urbana e da crise imobiliária.

Nestes cubículos com até nove metros quadrados, que custam mais de R$ 1.400 mensais, trabalhadores encontram-se comprimidos em condições que mal permitem se mover. Tal valor equivale ao aluguel de um apartamento médio em cidades brasileiras de porte médio, colocando em evidência a gravidade da situação.

Vida em espaços diminutos

Miss Lee é uma das muitas pessoas que dividem seu microapartamento com a cachorrinha Bibi e pilhas de pertences. “Morar aqui é devastador. Sinto falta da minha casa e do espaço para respirar”, desabafa, ecoando o sentimento de muitos que habitam esses locais sufocantes. O ambiente é uma luta constante, onde a falta de janelas e a convivência forçada colocam à prova a saúde mental dos moradores.

Gam-Tin Ma, outro residente, descreve a realidade comum nesses espaços como uma combinação de isolamento e necessidade. “Somos apenas pessoas aleatórias no mesmo lugar. Não queremos ser inimigos, mas o espaço é tão limitado que a amizade se torna um desafio”, reflete, ilustrando a solidão que permeia a vida em meio a tantos.

Contrastes e consequências

Embora a cidade exiba um horizonte repleto de condomínios de luxo e vistas deslumbrantes, a realidade é marcada por um colapso social silencioso. Especialistas apontam que a especulação imobiliária, os baixos salários e a concentração de propriedades nas mãos de poucos investidores geram um ciclo vicioso que marginaliza a classe trabalhadora.

A professora Betty Xiao Wang, da Universidade de Hong Kong, alerta que a crise atingiu proporções sem precedentes. “Em outras cidades há moradores de rua, mas aqui estão alojados nesses ‘apartamentos-caixão’. Se o governo pusesse fim a essas moradias, para onde eles iriam?”, questiona, lançando luz sobre a urgência da situação.

Sonhos de dignidade

O desejo comum entre os moradores é por dignidade: um banheiro funcional, uma pequena cozinha e espaço suficiente para colocar uma cadeira. Mr. Tang, que vive em um espaço de apenas nove metros quadrados, resume suas aspirações: “Quero um banheiro onde eu possa entrar de frente, uma mesa e uma cadeira. Preciso de um pouco de dignidade”.

Uma metrópole sufocada

Com mais de 7 milhões de habitantes em uma área menor que a cidade de São Paulo, Hong Kong vive sob pressão imobiliária extrema, refletindo uma das mais severas crises de moradia do século XXI. Para muitos, viver em um apartamento-caixão ainda é preferível à vida nas ruas, evidenciando a luta contínua por um lar digno.

Esses relatos nos fazem refletir sobre a desigualdade e os verdadeiros desafios da vida nas grandes cidades. O que você pensa sobre essa situação? Compartilhe sua opinião nos comentários e ajude a dar voz a essa importante questão.

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