Neste Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, que se celebra neste domingo (27/7), somos levados a refletir sobre um grave problema que afeta o cotidiano de muitos brasileiros. O alarmante dado de que a cada hora um trabalhador se machuca no Distrito Federal revela a urgência de se promover melhores condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho.
Em 2024, o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do DF registrou 12.982 ocorrências de acidentes e doenças ligadas ao trabalho. Este número, que vira um marco histórico, traz à tona a realidade desconfortável de que, diariamente, 36 trabalhadores se tornam vítimas de acidentes. Isso significa mais de mil casos por mês. Segundo Elaine Faria Morelo, da Diretoria de Saúde do Trabalhador, esse aumento de 150% nos registros também evidencia a subnotificação que ainda contamina os dados sobre acidentes no país.
“A prevenção não é apenas uma questão legal, mas uma causa de justiça social”, afirma Elaine. Todos devem ter acesso a um ambiente de trabalho seguro e saudável, e é fundamental que tanto empresas quanto funcionários reconheçam essa responsabilidade.
O retrato nacional é igualmente alarmante: em 2022, o Brasil contabilizou 724.228 acidentes de trabalho. As profissões mais atingidas incluem pedreiros, técnicos de enfermagem e motociclistas de aplicativo. Somente no ano passado, 28 pessoas perderam a vida no DF em acidentes laborais, um triste lembrete da fragilidade à qual muitos estão expostos.
Cristiene Travassos, especialista em segurança do trabalho, salienta que esses números representam não só estatísticas, mas vidas afetadas e famílias desestruturadas. Com um vasto conjunto de normas regulamentadoras, o Brasil ainda ocupa o quarto lugar entre os países com maior taxa de mortalidade no trabalho, atrás de potências como China, Índia e Indonésia.
A adoção de uma cultura ética de saúde e segurança depende de diálogo aberto e formação constante. Cristiene destaca a importância de capacitação e da utilização correta dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): “Considerar os EPIs um gasto é um erro que pode resultar em custos muito maiores no futuro”.
Histórias como a de Ruan Victor, 21 anos, e Renato Pena do Carmo, 32 anos, demonstram que as estatísticas têm rostos e histórias. Ruan faleceu tragicamente em um acidente na Unidade de Recebimento de Entulhos, enquanto Renato morreu após um choque elétrico durante a montagem de equipamentos para um evento. Ambas as fatalidades são lembretes amargos da importância da segurança no trabalho.
Marilene Alves Ferreira, técnica de segurança, também viveu a dor de um acidente no trabalho. Ela teve dedos gravemente feridos e, mesmo em recuperação, as sequelas ainda a afligem. “Todos estão expostos ao risco. Minha experiência demonstra que mesmo os mais cuidadosos podem se ferir”, comenta.
Caso um trabalhador sofra um acidente, ele pode solicitar auxílio por incapacidade temporária, um benefício importante para garantir a assistência necessária até sua recuperação. Além disso, na próxima segunda-feira (28/7), das 9h às 10h30, o MTE promove uma live com foco na importância da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e outras medidas de segurança.
Esses eventos ressaltam a urgência de se unir esforços para prevenir acidentes e proteger vidas. Se você já vivenciou ou conhece situações semelhantes, compartilhe sua experiência e ajude a ampliar esse debate, porque a mudança começa com a conscientização de todos nós.