
Na agitação incessante da Rua 25 de Março, um dos principais centros de comércio em São Paulo, um novo fenômeno se desenha sob o olhar atento de motoboys e comerciantes. A presença de policiais militares, embora não oficial, tem se tornado uma prática comum. Em horários de folga, muitos se oferecem como escoltas armadas para entregadores, uma atividade que, segundo o regimento da corporação, deveria ser proibida, mas que, na prática, é tolerada.
Os valores cobrados por esses serviços de segurança variam. Para acompanhar um motoboy em um curto trajeto, como o trecho entre a loja e o local onde a moto está estacionada, o custo pode oscilar de R$ 30 a R$ 50. No entanto, a escolta ao longo de um dia inteiro pode ultrapassar os R$ 300. Um motoboy revelou que, dependendo da carga, um simples percurso de três quilômetros do coração da 25 até o Brás pode custar até R$ 150.
Essa economia informal de escolta é reveladora de uma trama mais complexa que passa por subnotificação e crime organizado. Muitos assaltos não são registrados, em parte, porque os produtos vendidos nas proximidades carecem de nota fiscal. A relação com o crime se torna ainda mais intrincada quando entregadores são forçados a conversar com líderes do tráfico, como no caso de um motoboy que, após ser assaltado, procurou o Primeiro Comando da Capital (PCC) buscando um entendimento sobre o ocorrido.
A resposta do PCC foi clara: cada um tem seu papel no “corre”. Os membros da facção foram pragmáticos, informando ao motoboy que o trabalho do ladrão era roubar, e o dele, entregar. Essa troca direta exemplifica a espécie de “pacto social” que, ao menos em sua perspectiva, torna a área uma “zona neutra”, onde as regras do crime e do trabalho informal coexistem silenciosamente.
Diante desta realidade, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) se debruçou sobre as preocupações que cercam tanto a atividade de bico dos policiais quanto os altos índices de roubo. Em resposta às crescentes demandas de segurança, a SSP anunciou ações como o reforço do policiamento e a Atividade Delegada, além de investir em bases comunitárias. Esses esforços visam reduzir a criminalidade, que aparentemente está em declínio, com uma queda significativa nos roubos e apreensões na região central da cidade.
Porém, a pergunta permanece: até que ponto essas medidas efetivas conseguem compactuar com realidades tão entrelaçadas ao crime? Este é um cenário que demanda não apenas ações, mas uma reflexão sobre as relações sociais e econômicas que perpassam o cotidiano daqueles que trabalham nas ruas de São Paulo. O que você acha que pode ser feito para melhorar essa situação? Compartilhe sua visão nos comentários!