Na última segunda-feira, dia 21, o Ministério Público da Bahia (MP-BA), em uma valiosa parceria com o Instituto Juristas Negras (IJN), realizou a conferência “Raízes da Resistência: Mulheres Negras na Luta por Justiça”, na sede do MP-BA, localizada no coração de Salvador, no bairro de Nazaré. Este encontro não apenas celebrou a força e a resiliência das mulheres negras, mas também lançou luz sobre as questões urgentes de justiça racial e de gênero em nossa sociedade.
A conferência contou com a entrega do Prêmio Mãe Bernadete, uma honraria destinada a reconhecer e valorizar as contribuições de mulheres negras que se destacam por sua coragem e ancestralidade na defesa de suas comunidades. Este ano, as laureadas foram a marisqueira e ativista Eliete Paraguassu, a Yalorixá Jaciara Ribeiro e a líder quilombola Rosimeire dos Santos Silva. O prêmio, nomeado em homenagem a Mãe Bernadete Pacífico, simboliza uma luta histórica pela dignidade e igualdade.
Em seu discurso de abertura, a procuradora-geral de Justiça adjunta, Norma Angélica Cavalcanti, enfatizou: “Sonhamos com um mundo em que todas nós, mulheres, independentemente da cor ou origem, sejamos tratadas em igualdade. Para isso, é imperativo que tenhamos políticas afirmativas efetivas que garantam o bem-estar coletivo.” Este evento marcou o início da programação do Julho das Pretas, que reúne movimentos de mulheres negras em todo o Brasil em homenagem ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, data que também presta tributo a Tereza de Benguela, uma ícone da resistência negra do século XVIII.
O evento também foi palco da escolha das representantes da Bahia para a 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres. As selecionadas foram Ioneide Cirqueira, Paulett Furacão e Claudia Isabele dos Santos Silva, eleitas como representantes, enquanto Kizzy Addriana Pereira Santos e Ingrid Grazielle ficaram como suplentes. A promotora de Justiça Lívia Vaz ressaltou o papel transformador da justiça: “É essencial que dialoguemos sobre políticas públicas que proporcionem ascensão social às mulheres negras, um passo crucial para uma sociedade mais justa.”
O promotor de Justiça Rogério Queiroz, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (Caodh), destacou a importância da inclusão das mulheres negras em qualquer discussão sobre o desenvolvimento do Brasil. “Não podemos ignorar que a maioria das desigualdades sociais pesa sobre as mulheres negras. Para transformar nossa sociedade, o poder público deve focar nesta população. A mudança depende disso”, afirmou. Presentes estavam membros do MP-BA, representantes do sistema de justiça, e lideranças de movimentos negro e quilombola, reforçando a importância da unidade na luta por direitos.
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