NOVIDADE
O musical fica em cartaz até 5 de outubro no Teatro Sesc Casa do Comércio
Por Eugênio Afonso
02/10/2025 – 23:42 h

O musical faz sua estreia na capital baiana –
Fechar
Com ingressos esgotados e sessões extras, o musical sobre Rita Lee (1947-2023) chega a Salvador já mostrando a força que a rainha do rock continua tendo entre nós. Rita Lee – Uma Autobiografia Musical estreia hoje e fica em cartaz até 5 de outubro (domingo) no Teatro Sesc Casa do Comércio.
No papel da nossa maior estrela do pop-rock, Mel Lisboa vem angariando prêmios por onde passa. Já abiscoitou o Shell de melhor atriz e foi indicada aos prêmios DID e APCA. A montagem recebeu também o Prêmio Arcanjo Especial e, no Prêmio PRIO do Humor, foi indicada nas categorias direção e atriz (Débora Reis) pela atuação como a icônica apresentadora Hebe Camargo (1929-2012).
Tudo sobre Cultura em primeira mão!
Mel lembra que eles tinham alguma expectativa de que as pessoas pudessem gostar do espetáculo, afinal fazia um ano que Rita tinha partido quando o musical estreou, mas não imaginavam que pudesse ser esse sucesso estrondoso, com casa lotada por onde passa.
“Eu costumo achar que um sucesso dessa magnitude não se dá apenas por conta de um fator, ele é multifatorial. Acredito que é uma junção de pequenos acertos que faz com que o espetáculo acabe agradando o público da mais variada espécie. É realmente muito impressionante, mas acredito nisso mesmo, em uma junção de pequenos acertos”, conta Lisboa.
A indicação para viver a compositora de Baila Comigo no palco foi sugerida pela própria Rita. Inclusive, esta não é primeira vez que Mel interpreta Lee. Foi no espetáculo Rita Lee Mora ao Lado, de 2014, que Rita assistiu à performance da atriz e se encantou.
Baseado no livro Rita Lee – uma autobiografia, escrito pela roqueira, o musical tem direção de Márcio Macena e Débora Dubois, roteiro e pesquisa de Guilherme Samora, além de direção musical de Marco França e Marcio Guimarães.
Para Macena, o propósito principal do espetáculo é homenagear uma artista que, sendo das maiores do País, encantou e tocou muitas gerações. “Uma mulher que foi transgressora, que abriu muitos caminhos e que deixou um legado incrível”.
Ser de luz
Segundo o diretor, foram escolhidas as passagens mais interessantes da vida de Rita, sobretudo para quem não a conhece a fundo. “Tem momentos da infância, do contato com os jovens, do início da carreira com os Mutantes, toda sua história com o Roberto Carvalho, que foi seu grande companheiro no amor e na música”.
Leia Também:
Mel Lisboa confessa que logo depois de receber o convite para fazer o musical, começou a estudar profundamente Rita Lee. “Eu comecei a entender melhor a trajetória dela, o ser humano, a mulher, a artista. Enfim, como ela é múltipla, como é plural e como, ao mesmo tempo, é singular, porque ela é de uma autenticidade absurda, né? Não houve nem haverá ninguém como Rita Lee”.
“Pra mim, a Rita é um ser de luz, uma pessoa muito fora da curva, uma pessoa que conseguiu marcar gerações. Que agia, que acabava promovendo mudanças e quebra de paradigmas simplesmente por ser quem era e por fazer o que fazia. Isso já era um exemplo, já era um norte para as pessoas que estavam ali observando. Rita é única”, alinhava a atriz.
Juntos profissionalmente há algum tempo, Macena conta que dirigir Mel Lisboa é muito confortável, já que ela é uma atriz muito dedicada, estudiosa e talentosa. “Ela tem vocação, o teatro realmente é a casa da Mel. O lugar onde ela mais fica à vontade”.
“É muito gratificante ver o resultado que a gente chegou com esse espetáculo. Então, quando as pessoas falam: ‘eu vi a Rita ali mil vezes’, é verdade, a gente vê mesmo a Rita porque a Mel está realmente muito entregue”, arremata.
Quem tiver mais de 30 anos de idade, muito provavelmente, vai se identificar com o repertório, já que Rita Lee foi, sem dúvida, uma grande criadora de sucessos.
“Todas as músicas que estão lá, todo mundo conhece. É um espetáculo muito divertido, bem-humorado, embora tenha momentos tristes também, porque a vida de ninguém é só alegria, e a da Rita também não foi, mas a gente tenta fazer isso com leveza para que as pessoas saiam tocadas pelo lado positivo que ela deixou e segue deixando”, sintetiza Macena.
Transgressora e feminista
A autora de Ovelha Negra atravessou a música brasileira de um jeito que quase ninguém havia feito até então. Ela já tinha esse ímpeto da mudança, da transgressão, desde o começo com os Mutantes, e surgiu num momento em que o rock era absolutamente masculino – antes dela, só Celly Campello, dos lacinhos cor de rosa, em uma carreira meteórica de três anos. No Brasil daquela época, a mulher não tinha vez nesse mercado musical, no entanto Rita se aliou ao rock e peitou a indústria fonográfica.
“Ela adorava desacatar a autoridade masculina e ela fez isso o tempo inteiro, sobretudo nos anos 1980, quando a carreira dela explodiu. Hoje, muitas artistas mulheres bebem nessa fonte. Rita abriu um caminho, um espaço para que as mulheres pudessem realmente se expor, se conectar com o público. Era uma estrela maior”, ressalta o diretor.
Márcio garante que o público vai ver em cena o amadurecimento da artista que foi Rita Lee, desde criança até os 75 anos de idade, além da transformação de Mel Lisboa como atriz.
“A gente vai vendo o crescimento dessa estrela, que infelizmente nos deixou”, diz.
“Tem o encontro com o Roberto, que é uma coisa bem emocionante e que mudou a vida dela, e tem algumas partes não tão bonitas e felizes, como o acidente que ela sofreu, em que quase teve que parar de cantar. Quando o espetáculo acaba, a gente sai com uma esperança renovada das últimas mensagens que a Rita deixa. É um final muito interessante”, complementa Macena.
Por fim, Mel garante que é muito especial trazer Rita para a Bahia. “Eu sei a relação, inclusive, dos baianos, dos soteropolitanos com a Rita. Sei que há um amor muito grande pela obra e pela pessoa dela. A história dela está muito ligada à Tropicália. Eu também amo a Bahia, amo Salvador. Então essa mistura toda de Rita, Bahia, Mel, acho que vai ser muito bom. Estou aqui com altas expectativas”.
No elenco, interpretando personagens icônicos da MPB, além de outros que marcaram a vida da roqueira, estão Bruno Fraga (Roberto de Carvalho), Fabiano Augusto (Ney Matogrosso), Carol Portes (censora Solange), Debora Reis (Hebe Camargo).
E ainda Flavia Strongolli (Elis Regina), Yael Pecarovich (Gal Costa), Antonio Vanfill (Arnaldo Baptista e Charles Jones), Gustavo Rezende (Raul Seixas), Roquildes Junior (Gilberto Gil) e ainda os atores Lui Vizotto e Priscila Esteves.
Rita Lee – Uma Autobiografia Musical / Teatro Sesc Casa do Comércio / 02, 03, 04 e 05 de outubro, às 20h / Sessão extra: 04 e 05 de outubro, às 16h / ingressos esgotados
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Tags:
Siga nossas redes