No rico cenário cultural brasileiro, o Dia do Folclore, celebrado em 22 de agosto, destaca as lendas e tradições que moldam nossa identidade. Uma dessas lendas icônicas é o Saci Pererê, uma figura travessa que seduz até os mais céticos, como nos conta a experiência surpreendente de Thiago Leal, um baiano da Chapada Diamantina. Para ele, a certeza da existência do Saci vai além das páginas dos livros — ela é parte de sua memória mais afetuosa.
Thiago cresceu em uma antiga fazenda, onde as histórias de Saci eram tão reais quanto o feijão cozido pela sua avó em uma panela de barro. Apesar do calor do fogão a lenha, havia sempre a presença inquietante de um punhado de areia nas refeições. “Era como se o Saci estivesse sempre ali, brincando com a magia da comida”, relembra, narrando momentos de jocosas travessuras em sua casa antiga, onde as coisas mais inusitadas pareciam ganhar vida.
A inquietude não se limitava a panelas de barro. Objetos se moviam sem explicação, como se a casa respirasse, tal como o vento que leva as histórias. “Facas e garfos simplesmente voavam e cravavam-se nas paredes, como se um espírito travesso estivesse sempre à espreita”, conta Thiago, revelando uma conexão inexplicável com o sobrenatural que permeava sua infância.
E o Saci deixava suas pegadas visíveis entre as frutíferas da fazenda. “Ao olhar para o pé de caju, era comum ver aquele ‘menino de pau’ com um shortinho vermelho, sentado em um galho, como se os dois brincassem lado a lado”, descreve Thiago, trazendo à tona a inocência e a magia de sua juventude. O Saci, muito mais que uma lenda, era uma presença constante, que enchia a vida de histórias e sorrisos.
Mas o Saci não é um mau espírito; é um guardião das matas e das tradições. Ele desarma caçadores e protege as árvores, sempre pronto para uma nova brincadeira. Com seu característico pito na boca, diz-se que ele surge dos bambuzais, onde passa anos em sono profundo antes de correr solto pelo mundo.
No Brasil, o folclore é uma tapeçaria vibrante, repleta de cores, sons e contos das tradições populares. Coincidentemente ou não, foi em 1965 que o Dia do Folclore foi oficializado, evocando a importância das narrativas que nos ligam às nossas raízes. O folclore vive nas panelas de barro e nos ventos que dançam nas estradas, cheios de histórias para contar. E assim, cada riso e travessura do Saci Pererê se tornam partes indeléveis do nosso ser.
Você se lembra de alguma história de folclore que marcou sua infância? Compartilhe suas experiências e vamos juntos celebrar a rica cultura que nos une!