Uma falha mecânica num micro-ônibus, que transportava 25 alunos do Curso de Formação de Soldados da Polícia Militar da Bahia, terminou provocando a invasão de duas casas, atingindo três veículos em um acidente na Rua Ana Paula, no bairro de Plataforma, em Salvador, na terça-feira (13).
A remoção do veículo, no entanto, só foi realizada ontem – 20 horas depois do ocorrido. A retirada do ônibus só foi possível após o escoramento dos imóveis atingidos e a realização de uma perícia pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Os três outros automotivos atingidos também foram retirados do local. A batida aconteceu por volta das 20h, de terça-feira (13), e não deixou feridos, mas resultou em prejuízos diversos.
O procedimento foi feito por um caminhão guincho da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) e, segundo moradores, durou cerca de duas horas (das 16h às 18h).
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Veículos foram removidos pela Transalvador (Foto: Arquivo pessoal) |
Um dos que mais sofreram com o incidente foi o segurança Adson Luiz, que mora no bairro há oito anos. Além de ter tido a estrutura da própria casa comprometida, necessitando de escoras para mantê-la de pé, teve a moto destruída, assim como um portão recém-instalado, no valor de R$ 4 mil. O carro do irmão, a casa e o carro de um vizinho também foram atingidos na colisão.
Adson estava prestes a ir trabalhar quando ouviu um estrondo e, ao sair para saber do que se tratava, viu parte do micro-ônibus da PM dentro da sua garagem. “Arrancou uma viga e parou nas pilastras. Foi um susto. Passamos a noite na casa de vizinhos porque, na minha casa, estava perigoso”, descreveu o segurança, que trabalha à noite.
A avaliação da Defesa Civil de Salvador (Codesal) apontou que a residência ficou sustentada apenas pelo micro-ônibus e corre risco de desabamento até que uma reforma seja feita. Uma tubulação de água foi rompida.
“Há risco potencial presumível de desabamento [por isso], para a retirada dos veículos, foi necessário fazer o escoramento emergencial dos imóveis, devido à ruptura de dois pilares. Para realizar o serviço, foram acionadas a Embasa, para manutenção da tubulação, e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), para o escoramento estrutural”, disse em nota.
Segundo a PM, os alunos participavam de uma visita técnica às instalações e à área de responsabilidade da 14ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), localizada no bairro do Lobato, em Salvador. A informação da PM foi atestada por uma vizinha de Adson. “Ela viu o momento do acidente e disse que o motorista veio como se estivesse tentando controlar a direção, que mudava para um lado e para outro. Como quem está dirigindo quase nunca bate no seu próprio lado, acredito que ele tentou parar, jogando o veículo para a direita. Mas poderia ter sido bem pior, porque mais à frente há uma ribanceira”.
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Foto: Arisson Marinho/ CORREIO |
Ressarcimento
Somente da moto e do portão destruídos pela batida, Adson contabiliza um prejuízo de R$18 mil. Já os problemas em casa ele nem consegue estimar. “A estrutura da minha casa é uma coisa que não tem preço, só no lugar. Ninguém vai vender uma viga para uma casa. Eu quero que [a situação] se resolva, que o governo do estado se sensibilize e mande alguém para nos ajudar”, pede o morador.
Ainda segundo ele, nenhum representante do Estado esteve no local até a noite de ontem (14), a não ser os policiais que ficaram de plantão na rua após o acidente. Questionada, a Polícia Militar informou, em nota, que adotará as providências cabíveis para reparar os danos, sem detalhar quais.
Devido ao risco de desabamento dos imóveis, a Codesal notificou os moradores a deixarem o local e recomendou que eles solicitem a contratação de um profissional para realizar os reparos necessários, por meio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea). Ainda segundo o órgão municipal, todos foram encaminhados ao cadastramento social.
A reportagem entrou em contato com os outros dois moradores prejudicados pelo acidente, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O Departamento de Polícia Técnica também foi procurado, mas também não houve resposta.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo