17 julho, 2025
quinta-feira, 17 julho, 2025

O mistério de Lorena Fox, mulher trans assassinada no Oeste da Bahia

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A história de Lorena Fox, uma mulher trans de 27 anos assassinada no Oeste da Bahia, revela um cenário sombrio que marca a luta da população LGBTQIA+ no Brasil. Seu corpo foi encontrado em um terreno abandonado, identificado apenas pelo salto alto que usava. A brutalidade do crime expõe a fragilidade da vida dessas mulheres, muitas vezes deixadas à mercê da violência e da impunidade.

Visto pela última vez em companhia de dois homens, o desaparecimento de Lorena levantou interrogações em sua família. Sua irmã, Thaynara Sabbath, a par de tudo, recebeu a notícia do sumiço e via apenas uma sombra de desespero ao tentar encontrar respostas para o que aconteceu. O impacto foi devastador: “Minha irmã morava lá há anos, e a morte dela não comover ninguém?” questionava, com a dor aflorando em cada palavra.

Passados dias angustiosos sem informações, o corpo de Lorena foi descoberto no dia 1º de março. A causa da morte: “traumatismo e fratura do crânio”. Para Thaynara, o medo se tornou um companheiro constante, a ideia de que a verdade não seria revelada a atormentava. Determinada a buscar justiça, ela uniu forças com seu ex-marido e enfrentou o sistema para averiguar os detalhes da vida e da morte da irmã.

Lorena vivia em um ambiente marcado pela vulnerabilidade e pela exploração. Em uma casa de prostituição com outras mulheres trans, ela ajudava a sustentar-se em um contexto de dívidas e violência. Duas semanas antes de seu desaparecimento, outra mulher trans fora baleada, mas o ataque não teve registro policial. Essa cadeia de acontecimentos reforça um ciclo de brutalidade que impera na cidade, onde a prostituição é frequentemente criminalizada.

Sérgio, ex-cunhado de Lorena, ao chegar em Luís Eduardo Magalhães, testemunhou a exploração e o medo que permeavam a vida das mulheres que, como ela, buscavam a sobrevivência. Ele encontrou um ambiente hostil, onde questões de gênero e orientações sexuais foram colocadas em evidência como fatores de vulnerabilidade sociais. “O que acontece ali onde ela mora é uma exploração sexual intensa”, pontuou um gerente durante uma conversa, revelando um panorama preocupante.

A busca pela justiça não se limitou às diligências pessoais. A defensora pública Letícia Peçanha, ao ter acesso ao caso de Lorena, se comprometeu a desenvolver uma campanha educativa que envolvesse diversas esferas do poder, visando romper esse ciclo de violência e garantir proteção para as populações marginalizadas. “O estado falhou em diversos níveis ao não proteger essas vidas”, destacou.

Lorena nasceu em Alvorada do Norte, Goiás, e sua vida foi marcada pela tragédia desde cedo, com a perda da mãe de forma violenta. Após essa perda, Lorena e Thaynara se aventuraram em Goiânia e, posteriormente, em busca de melhores oportunidades, chegaram a Luís Eduardo Magalhães, onde Lorena acabou se envolvendo na prostituição — uma saída comum para muitas mulheres trans que não encontram espaço no mercado de trabalho.

Na cidade, a prostituição é uma realidade complexa e perigosa, em que as mulheres trans e travestis enfrentam agressões e ameaças. Embora a cidade tenha se desenvolvido ao longo dos anos, a violência e a exclusão social continuam a prevalecer, criando um ambiente hostil para aqueles que desafiam os padrões estabelecidos. A preocupação entre as mulheres da comunidade aumentou após a morte de Lorena, que simboliza a luta diária contra a impunidade.

Na elegância do luto, Thaynara se despediu da irmã em um breve funeral, onde o corpo, não reconhecido por muitos, repousou ao lado da mãe, em Alvorada do Norte. A vida de Lorena, marcada por traumas e desafios, agora ecoa como um chamado à ação. A história pede que não esqueçamos o que ocorreu e que, juntos, possamos buscar um futuro mais justo e seguro para todos.

O que você pensa sobre essa tragédia? Compartilhe seus pensamentos e ajude a levantar a voz por justiça e dignidade para todos os que ainda lutam na sombra.

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