A morte violenta de Abelardo Marques de Oliveira (70 anos), abriu um abismo de perguntas nesta sexta-feira (31). O corpo do idoso, encontrado numa kitnet na Rua Etiópia, exibia marcas de extrema brutalidade: rosto retalhado, múltiplas perfurações e dilacerações por arma branca. O crime, ocorrido sob o olhar passivo de um sistema de monitoramento eletrônico, reacendendo debates sobre justiça, vigilantismo e a eficácia das medidas de segurança.
Acusado de abuso sexual contra duas crianças (8 e 10 anos) no bairro São Lourenço, Abelardo cumpria liberdade condicional com tornozeleira eletrônica (dispositivo que não impediu seu destino trágico). A Polícia Civil, sob comando do delegado Charlton Bortolini, investiga se o crime tem ligação com as acusações anteriores ou se foi um acerto de contas pessoal.
O Silêncio:
Apesar da agilidade em notificar a 87ª CIPM, moradores evitaram dar detalhes. O assassino fugiu sem deixar rastros, e a equipe do DPT encontrou apenas cenas de horror: sangue, equipamento intacto no tornozelo da vítima. O corpo seguiu para o IML, onde peritos tentarão desvendar a cronologia dos golpes, muitos deles desferidos com ódio explícito.
Entre a lei e a barbárie:
O caso expõe um conflito social latente. Enquanto a Justiça aguardava o julgamento de Abelardo, alguém decidiu “executá-lo” de forma selvagem. Especialistas alertam: crimes assim alimentam ciclos de vingança, especialmente em comunidades onde a desconfiança nas instituições é alta. A pergunta que ecoa é: a tornozeleira eletrônica serve para proteger a sociedade ou apenas para dar falsa sensação de controle?
O paradoxo da impunidade:
A violência excessiva sugere que o assassino conhecia a vítima ou seu histórico. Para parte da população, o crime pode ser visto como “justiça”, mas a Polícia Civil ressalta: linchamentos só perpetuam o caos.