Após mais de oito horas de bloqueio, a rodovia BR-101, entre Itamaraju e Itabela, foi liberada no final da manhã desta sexta-feira (31). O ato, realizado por produtores rurais e representantes do agronegócio, teve um tom de clamor por justiça pelas mortes de Alberto Carlos dos Santos (60) e Amauri Sena dos Santos (37), pai e filho, assassinados em um ataque atribuído a indígenas da etnia Pataxó, que reivindicam a retomada de terras tradicionais.
O conflito territorial, que se arrasta há anos, segue sem avanços concretos nas negociações com o governo federal sobre o marco temporal e as demarcações de terras indígenas. Enquanto o diálogo emperra, a tensão cresce, e a violência se intensifica, um reflexo da ausência do Estado e da falta de segurança nas comunidades rurais.
Nos últimos meses, mortes, ameaças e ataques vêm sendo registrados com frequência. Um episódio recente ganhou repercussão nacional, quando uma caminhoneira capixaba foi agredida e teve seu veículo incendiado ao tentar atravessar um bloqueio mobilizado por indígenas, a poucos metros da presença policial. O caso simboliza o desgaste do diálogo e o aumento da insegurança na região.
Mesmo diante do cenário tenso, o protesto desta sexta-feira ocorreu de forma pacífica e organizada, respeitando o tempo limite de ocupação da via estabelecido por lei. O grupo de manifestantes afirmou que novas ações estão sendo elaboradas para mobilizar autoridades e garantir justiça pelas mortes.
O episódio na BR-101 volta a colocar Itamaraju e Itabela no centro de um debate nacional sobre posse, direito e segurança no campo, escancarando feridas históricas que ainda dividem o país entre a luta por reconhecimento indígena e a sobrevivência do homem do campo.
