7 setembro, 2025
domingo, 7 setembro, 2025

OJU salvou a sexta

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Sentir-se sobrecarregado pelo trabalho é uma experiência que muitos conhecem bem. Um mal-estar que invade a mente e tensiona o corpo, tudo isso em meio ao peso das contas que não param de chegar. Em tempos de incerteza, a necessidade de sobrevivência se torna um motor poderoso. Ligo o computador, enquanto um pensamento ecoa: quando tudo acabar, restarão baratas e boletos.

Nos momentos de pausa, busco um alívio nas vitórias do esporte. Revivo a comemoração da seleção brasileira contra o Chile, a emocionante despedida de Messi e os triunfos femininos no US Open. Estes são os capítulos de uma história repleta de lições sobre vida e negócios. Escrevendo, decido me levantar e preparar outro café, uma pequena rotina que traz conforto.

Enquanto outro dia se inicia, uma lâmpada queimada me lembra do essencial: cuidar do espaço que habitamos é, muitas vezes, um reflexo do cuidado consigo mesmo. Ato simples, mas revitalizante. Lavo a louça, troco o lixo e limpo o banheiro. Nesse processo, sinto a dopamina fluir enquanto pesquiso e organizo uma entrevista que se aproxima.

Com um novo ânimo, caminho rapidamente até o Cinesesc, o icônico cinema de rua na Augusta, em São Paulo. Até o dia 11 de setembro, a 4ª edição do OJU – Rodas de Cinema Negro está em cartaz, e estou decidido a assistir a “Três Obás de Xangô”. Este documentário, de Sérgio Machado, narra a amizade entre Carybé, Jorge Amado e Dorival Caymmi, explorando suas artes e suas visões sobre o Candomblé.

O filme evoca a reflexão de que “liturgia é o poder do povo enquanto consenso”. A obra revela como o corpo de Obás mediava a conexão entre o terreiro de candomblé e a sociedade. Em meia hora, proporciona um rico debate que com certeza irá brotar em conversas merecidas na hora do lanche.

A história entrelaça a tradição do Candomblé com os personagens imortais do Pelourinho, as histórias do mar, dos pescadores e a música dos ventos cariocas. As interações prazerosas entre os três amigos são hilárias. Com frequência, Amado enfatiza: “A amizade é o sal da vida”. Deixo aqui apenas uma recomendação clara: não percam essa obra.

Em seguida, preparei-me para o próximo filme: “Brasiliana: o musical negro que apresentou o Brasil ao mundo”, do talentoso Joel Zito Araújo. Esta produção, ligada ao Teatro Experimental do Negro, comanda um tributo às raízes africanas da nossa cultura. O maestro José Prates, outro nome importante e ainda desconhecido por muitos, trouxe à vida arranjos fantásticos, incluindo o de “Navio Negreiro”.

Araújo nos convida a olhar para a trajetória desses artistas, que, apesar das adversidades e da exploração, encontraram nas danças uma oportunidade de brilhar no exterior, em uma época em que o Brasil pouco reconhecia seu potencial. A obra também retrata como o machismo e o racismo moldaram as experiências dessa geração.

Os dois filmes transformaram minha sexta-feira. Saí do Cinesesc com uma sede de conhecimento renovada, desejando mergulhar ainda mais nas obras de Amado, ouvir Caymmi e apreciar as composições de José Prates. Momentos como esse são um lembrete poderoso de que a cultura pode dar propósito e significado à vida.

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