PRISÃO DE ORUAM
Rapper foi preso nessa terça-feira, 22
Por Edvaldo Sales
23/07/2025 – 12:47 h

Oruam foi preso nessa terça-feira, 22 –
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O rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Oruam, foi transferido para a penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, no Complexo de Gericinó, Zona Oeste do Rio, onde estão integrantes do Comando Vermelho (CV). A transferência aconteceu na noite dessa terça-feira, 22, antes mesmo da audiência de custódia, que está prevista para acontecer na tarde desta quarta-feira, 23, e irá avaliar a legalidade da prisão.
No sistema penitenciário fluminense os internos são separados de acordo com a facção que tem influência sobre a região de origem do custodiado ou com suas alianças criminosas para evitar confrontos. Há cadeias diferentes designadas para Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro (TPC), Amigos dos Amigos (ADA) e para milicianos, por exemplo.
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Na Bangu 3, onde Oruam está, ficam custodiados os presos com alta periculosidade do CV, como os chefes My Thor, Criam de Belford Roxo, Léo Barrão, Choque e Naldinho. Todos são da mesma geração do tráfico do pai de Oruam, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, considerado pela polícia líder da facção e preso em presídio federal.
Vale lembrar que o local é o mesmo onde ficou Marlon Brendon Coelho Couto, o MC Poze do Rodo, 26, quando foi preso em 29 de maio sob suspeita de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas. Ao ingressar no sistema prisional, ele afirmou identificar-se com o Comando Vermelho, segundo a Seap.
Oruam está em uma cela isolada, e passou a noite separado dos demais internos, de acordo com a Seap. Ele está recebendo a alimentação padrão da unidade, composta por café da manhã com café com leite e pão com manteiga. O almoço será frango, cenoura cozida, feijão, arroz, salada de beterraba ralada e suco.
Oruam foi indiciado por quase dez crimes
A prisão preventiva de Oruam foi decretada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) nessa terça-feira após acusação de crimes praticados durante uma operação policial em sua residência no Joá, Zona Oeste do Rio.
Oruam foi indiciado pelos crimes de tráfico de drogas, associação ao tráfico de drogas, resistência, desacato, dano, ameaça e lesão corporal, segundo o TJRJ e o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi. A pena somada para os delitos pode chegar a 25 anos de prisão.
As acusações surgiram quando policiais tentavam cumprir um mandado de busca e apreensão de um adolescente, identificado como Menor Piu, que estava na casa de Oruam. O menor é suspeito de atuar como segurança de Edgar Alves de Andrade, o “Doca”, líder do Comando Vermelho (CV) e chefe do tráfico no Complexo da Penha.
Durante a ação, Oruam e outros indivíduos jogaram pedras e proferiram ofensas contra os policiais, resultando em um agente ferido. Em outro momento, o rapper se identificou como filho de Marcinho VP, um dos maiores líderes do CV, em uma tentativa de intimidação.
Outras prisões
Oruam tem algumas passagens recentes pela polícia, que segundo o próprio artista, manifestam perseguição ao seu trabalho e preconceito contra suas origens. Em 26 de fevereiro deste ano, o artista foi preso em flagrante por favorecimento pessoal, acusado de abrigar um foragido da Justiça em sua residência no Rio.
Na ocasião, ele foi liberado após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e responderá pelo crime no Juizado Especial Criminal (Jecrim).
A operação de fevereiro também cumpria mandados de busca e apreensão relacionados a uma investigação sobre um disparo de arma de fogo que Oruam teria efetuado em um condomínio em São Paulo, em dezembro de 2024. No local, foram apreendidas armas falsas.
Em 20 de fevereiro de 2025, o rapper havia sido detido durante uma blitz de trânsito no Rio de Janeiro. Ele foi encaminhado à 16ª Delegacia de Polícia Civil, autuado em flagrante por direção perigosa e liberado após o pagamento de fiança.
Além das questões criminais, Oruam é alvo de projetos de lei “Anti-Oruam” na Câmara dos Deputados e nas Câmaras Municipais de São Paulo e Rio, que visam proibir a contratação de artistas que façam apologia ao crime com dinheiro público.
O artista também foi denunciado ao Ministério Público Federal (MPF) por promover sites de apostas ilegais, com investigações solicitadas por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.
Defesa se manifesta
De acordo com a defesa de Oruam, a prisão carece de requisitos legais para sua manutenção. A ligação do artista com integrantes da facção criminosa é apontada como uma presunção baseada unicamente em seu perfil de jovem negro e periférico, sem evidências concretas que justifiquem a detenção.
Além disso, em nota, a defesa ressalta que Oruam é réu primário e possui bons antecedentes. A defesa também informa que o rapper já havia sido absolvido em duas acusações anteriores que eram similares à presente, sugerindo um padrão de acusações infundadas ou sem prova suficiente.
Sobre as acusações de tráfico de drogas, a defesa argumenta que a acusação se baseia exclusivamente nas letras das músicas do cantor de funk, enfatizando a ausência de evidências sólidas que comprovem sua participação em atividades de tráfico.
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