28 setembro, 2025
domingo, 28 setembro, 2025

Palácio do Planalto teme que aceno de Trump a Lula se volte contra o governo

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Assessores do presidente brasileiro temem a imprevisibilidade do republicano, que já constrangeu líderes de outros países; encontro em um terceiro país é cogitado

Mark Garten/ONU

Trump assiste ao discurso de Lula, que abriu a Assembleia-Geral da ONU, em Nova York

A aproximação inesperada entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, abriu espaço para novas negociações, mas também acendeu alertas no Palácio do Planalto. Auxiliares de Lula avaliam que o gesto do republicano —que afirmou ter “excelente química” com o brasileiro— pode se transformar em arma política para a oposição. O encontro informal entre os dois ocorreu nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e foi celebrado inicialmente pelo governo como uma vitória diplomática.

O gesto rompeu um bloqueio articulado por aliados de Jair Bolsonaro (PL), que vinham tentando evitar aproximação entre Lula e o governo americano. Além disso, abriu a perspectiva de uma negociação em torno das sobretaxas de 50% impostas por Trump a produtos brasileiros. Apesar disso, a leitura no Planalto é de que a imprevisibilidade do republicano pode converter o movimento em risco político.

Trump tem histórico de constranger líderes estrangeiros em encontros oficiais, como ocorreu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o da África do Sul, Cyril Ramaphosa. Por essa razão, auxiliares de Lula defendem que o primeiro contato formal seja por telefone ou videoconferência, adiando a possibilidade de uma reunião presencial. Também está na mesa a proposta de encontro em um terceiro país. Diplomatas brasileiros trabalham em alternativas num “território neutro”, como Malásia ou Itália, locais onde Lula terá compromissos internacionais em outubro. O objetivo seria reduzir a exposição a imprevistos em Washington ou em Mar-a-Lago, residência de Trump na Flórida.

A oposição, no entanto, tenta capitalizar a situação. Parlamentares próximos a Jair Bolsonaro ironizam a cautela de Lula e acusam o presidente de “fugir” de um encontro direto. O senador republicano Shane Jett, aliado de Eduardo Bolsonaro, classificou o petista como “covarde” por priorizar a conversa remota. Deputados do PL, como Filipe Barros e Coronel Zucco, afirmam que o petista teme críticas públicas de Trump sobre censura, perseguição a opositores e violações de direitos humanos no Brasil.

Para o Planalto, o desafio é equilibrar os ganhos de uma abertura de diálogo com os riscos de que o aceno de Trump, recebido como gesto cordial, se transforme em palco de constrangimento político.

Publicado por Felipe Dantas

*Reportagem produzida com auxílio de IA

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