
Em um cenário marcado por tensões sociais, a determinação de uma juíza que comprometeu a moradia de cerca de 400 famílias na fazenda Antinha de Baixo, em Santo Antônio do Descoberto, Goiás, despertou a indignação de políticos locais e nacionais. As ações judiciais comprometiam a segurança e o bem-estar da população, favorecendo herdeiros do governador Ronaldo Caiado (União Brasil), segundo informações reveladas pelo Metrópoles.
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) não hesitou em classificar a situação como “absurda” e ainda afirmou que o processo que resultou nas ordens de despejo era “fraudulento”. Em uma sessão dedicada na Câmara Legislativa do Distrito Federal, destacou a importância da denúncia do Metrópoles: “Graças a essa mobilização, o ministro Edson Fachin suspendeu o despejo arbitrário que ocorria naquela comunidade”, declarou, enfatizando o papel crucial da imprensa na luta pela justiça.
O ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também se manifestou, elogiando a atuação da Justiça que suspendeu novas derrubadas. Em seu discurso, ressaltou a necessidade de proteger a população local e criticou o uso da força policial em favor de interesses privados, clamando por uma desapropriação que respeite os direitos dos moradores.
Na Assembleia Legislativa de Goiás, o deputado Mauro Rubem (PT) acompanhou a situação de perto e classificou a destruição das casas como uma tragédia, referindo-se a como a violência estava sendo exercida por aqueles em busca de interesses financeiros. “A crença de que o coronelismo ainda impera é alarmante”, afirmou, sublinhando a necessidade de justiça em casos de grilagem de terras.
A deputada federal Érika Kokay (PT-DF) se dedicou a investigar a autodeclaração dos moradores como comunidade quilombola. Sua afirmação sobre a possibilidade de a Antinha de Baixo ser uma terra quilombola foi respaldada por indícios sólidos, destacando a luta contínua pela moradia e pelo reconhecimento dos direitos étnicos e coletivos.
Entenda o caso
- Em 28 de julho, a juíza Ailime Virgínia Martins emitiu um mandado de desocupação para 32 imóveis na fazenda Antinha de Baixo.
- A decisão priorizou herdeiros de proprietários falecidos, os quais incluem familiares do governador Caiado.
- O caso se desdobrou na Justiça Federal, após o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária solicitar a intervenção do Governo Federal por suspeitas sobre a origem da população local.
- Ainda que as ações judiciais precedentes tenham mantido algumas áreas sob posse dos herdeiros, as recentes decisões federais questionaram a validade de futuras ordens de despejo.
Porém, mesmo diante das decisões que suspenderam as desocupações, a população da Antinha de Baixo enfrentou ameaças de ações violentas durante a noite. Vídeos mostraram um suposto segurança fazendo declarações inquietantes, insinuando desmantelamentos físicos de residências caso as decisões judiciais não fossem respeitadas.
A situação se torna ainda mais inquietante quando, em contato com a equipe do Metrópoles, representantes do empresário Murilo Caiado negaram qualquer tipo de conflito, minimizando as tensões. Contudo, fontes anônimas afirmaram que as medidas judiciais chegavam em um momento tardio para os afetados.
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