POLÍCIA
Sofisticado esquema envolvia retificações de Imposto de Renda e contas de fintechs

Operação Spare cumpre 25 mandados em várias cidades de São Paulo –
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Uma das mais audaciosas operações da Receita Federal desvendou um intrincado esquema do Primeiro Comando da Capital (PCC), que usava estabelecimentos comerciais como fachada para movimentar uma quantia impressionante de dinheiro ilícito em São Paulo. Denominada Operação Spare, a iniciativa revelou como motéis, postos de combustíveis e lojas de conveniência se tornaram peças-chave na lavagem de milhões para fintechs sob controle do grupo criminoso.
A superintendente da Receita Federal em São Paulo, Márcia Meng, explicou que as maquininhas de cartão eram adquiridas no mercado e, intrigantemente, operavam com softwares vinculados diretamente ao PCC. “Essas máquinas, da forma como foram usadas, integravam diretamente os pagamentos à conta das fintechs”, detalhou, deixando claro o sofisticado nível de planejamento por trás do esquema.
Entre 2020 e 2024, essas operações geraram mais de R$ 450 milhões para motéis associados ao PCC, um montante que está muito acima da receita oficialmente declarada. O modus operandi do grupo evoluiu ao longo dos anos: de empresas sem atividades reais passaram a explorar uma rede de motéis e empreendimentos operacionais, embora com indícios claros de lavagem.
Os números são impressionantes. Vinte e um CNPJs relacionados a 98 estabelecimentos causaram movimentações que ultrapassaram R$ 1 bilhão, mas com apenas R$ 550 milhões em notas fiscais, gerando apenas 2,5% em tributos federais. O grupo se voltou para a aquisição de bens luxuosos, como iates, helicópteros e carros de alto valor, perpetuando uma forma sofisticada de lavagem de patrimônio.
- Iate de 23 metros, transferido entre empresas de fachada;
- Helicóptero modelo Augusta A109E;
- Lamborghini Urus;
- Terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões onde funcionam diversos motéis.
O empresário Flávio Silvério Siqueira, conhecido como Flavinho, é apontado como o mastermind do esquema de adulteração de combustíveis e lavagem. A Receita Federal já identificou 267 postos de combustíveis ativos que movimentaram R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024—um valor irrisório de 0,1% foi recolhido em tributos federais.
A estratégia ainda envolvia retificações em declarações de Imposto de Renda, onde altos valores foram inseridos em fichas antigas sem pagamento de impostos, levando um aumento irregular de patrimônio, calculado em R$ 120 milhões.
A Operação Spare, que está cumprindo 25 mandados de busca e apreensão em várias cidades, mobiliza uma força-tarefa robusta com 64 servidores da Receita Federal, 28 do Ministério Público e cerca de 100 policiais militares. As investigações revelam conexões com outras operações do PCC, como a Operação Carbono Oculto e a Operação Rei do Crime, evidenciando a profundidade do alcance das atividades financeiras ilegais.
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