
Pedalar pelas ruas de Salvador tornou-se um verdadeiro teste de resistência e bravura. Neste ano, 38 ciclistas tiveram suas vidas alteradas por acidentes, sendo que um deles não sobreviveu. Os dados alarmantes refletem a dura realidade enfrentada por quem utiliza a bicicleta como meio de transporte, trabalho ou lazer, especialmente com o aumento dos entregadores de aplicativos que dependem dessa modalidade.
Em 2023, a cidade registrou 56 ciclistas feridos, sem nenhuma morte, enquanto em 2024 foram 46 feridos e um óbito. Embora os números mostrem uma leve redução, a situação ainda é crítica, pois muitos acidentes poderiam ser evitados. Para Pablo Fiorentino, pesquisador do Observatório da Mobilidade de Salvador (Obmob), a cidade carece de infraestrutura adequada. “Os ciclistas enfrentam um ambiente urbano hostil, onde a falta de segurança é evidente”, afirma ele.
Genivaldo da Silva, entregador de 37 anos, compartilha seu dia a dia como ciclista em Salvador. O que começou como uma renda extra, se tornou sua principal fonte de sustento, rendendo de R$600 a R$700 mensais. Contudo, a falta de ciclovias e o desprezo dos motoristas tornam seu trabalho um desafio constante. “Os carros não nos respeitam e, por isso, precisamos estar sempre alertas”, destaca.
Outro entregador, Rodrigo de Oliveira, de 22 anos, também sentiu na pele os riscos da profissão. Após ter sua bicicleta roubada, optou por trocar para uma moto, buscando mais segurança e eficiência nas entregas. “As empresas deveriam oferecer seguros para nós, pois a incerteza é constante”, comenta Rodrigo, evidenciando a necessidade de proteção para os trabalhadores.
Os perigos não se restrigem apenas aos acidentes. A presença de motoristas alcoolizados em Salvador é alarmante, com 5,4% dos adultos admitindo dirigir após consumir bebidas, um número superior à média nacional. Em 2023, o estado contabilizou 981 mortes relacionadas a acidentes com motoristas embriagados, representando um aumento de 12,6% em relação ao ano anterior. Estas estatísticas geram um cenário de insegurança que afasta muitos de usar a bicicleta como meio de locomoção.
Em um recente Dia Nacional do Ciclista, Pablo Fiorentino refletiu sobre a falta de conforto e segurança que impede que famílias utilizem bicicletas para passeios ou mesmo para levar as crianças à escola. Hendrik Aquino, especialista em planejamento urbano, defende que a promoção do uso de bicicletas é benéfica para qualquer cidade, contribuindo para um ambiente mais saudável e sustentável. “As bicicletas são ferramentas de emprego e saúde, além de serem uma alternativa limpa de transporte”, ressalta.
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