Um intricado esquema que movimentou milhões em depósitos em espécie está sob investigação da Polícia Federal. Com envolvimento de agências da Caixa e do Santander, foram registrados 9.560 depósitos, totalizando impressionantes R$ 331 milhões, sem notificação aos órgãos de controle. A Operação Tank lançou luz sobre o funcionamento sombrio desse aparato, evidenciando a falta de transparência nas movimentações que beneficiavam uma organização criminosa que dominava o setor de combustíveis no país.
De acordo com o relatório da PF, as normas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) requerem que todas as operações acima de R$ 30 mil sejam reportadas, revelando a identidade dos clientes e a origem dos recursos. No entanto, os depósitos feitos em várias contas não apresentavam identificação dos depositantes, infringindo diretamente essas regulamentações. O delegado Mateus Marins Corrêa de Sá, responsável pela investigação, enfatizou essa grave falha em seu pedido de prisão direcionado à 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Em resposta às acusações, o Santander declarou que possui sistemas de controle rigorosos e reiterou seu compromisso com a legalidade, embora não pudesse comentar casos específicos. Já a Caixa mencionou sua atuação conjunta com as autoridades responsáveis, afirmando que qualquer informação sobre investigados é tratada com sigilo, sendo repassada somente à Polícia Federal e outras instâncias competentes.
O funcionamento deste esquema se revelou ainda mais detalhado. Os bancos não identificaram os clientes que operavam por meio da Tycoon, uma instituição de pagamentos criada em 2016 com capital social de R$ 2 milhões. O delegado revelou que a Tycoon operava com ordens de crédito que mascaravam a origem do dinheiro, que supostamente vinha do abastecimento de combustíveis. No entanto, essa justificativa parecia inadequada, uma vez que a Tycoon não era um posto de gasolina, mas uma simples instituição de pagamento.
A análise da PF resultou na decretação da prisão preventiva de 14 acusados, incluindo líderes proeminentes do esquema, como Roberto Augusto Leme da Silva e Mohamad Hussein Mourad, que permanecem foragidos. O questionamento sobre o papel das instituições financeiras se intensificou ao se considerar o impacto de suas operações, que incluíam o BK Bank, que movimentou R$ 46 bilhões em cinco anos, com R$ 17,7 bilhões em transações suspeitas.
As movimentações financeiras realizadas em nome da Tycoon foram presas em um emaranhado de contas ocultas e técnicas de lavagem de dinheiro. A análise revelou que mais de 90% dos créditos nas contas estavam relacionados a depósitos em dinheiro vivo, com a Tycoon acumulando R$ 164,9 milhões na Caixa, sem uma única identificação de depositante. Alertas enviados à instituição exigindo esclarecimentos sobre esses depósitos foram ignorados por meses, levando à descoberta de um padrão alarmante.
Além disso, o Banco Rendimento e a fintech Line foram acusados de operacionalizar contas ocultas que contribuíam para este esquema. A PF divulgou que o Banco Rendimento manteve dez contas que movimentaram mais de R$ 6 milhões, sem qualquer clareza sobre a propriedade dos ativos. A Line, em sua vez, também se destacou nas transações suspeitas, evidenciando uma rede complexa de lavagem de dinheiro, manipulando quantias exorbitantes de forma oculta.
A gravidade da situação e o envolvimento de instituições financeiras confiáveis levantam questões cruciais sobre a vigilância e a integridade do sistema bancário. Quais medidas devem ser adotadas para evitar que tais esquemas sejam novamente perpetrados? Deixe sua opinião nos comentários e participe desta discussão necessária.
Em nota o Banco declarou:
O Banco Rendimento sempre reportou de forma regular informações sobre todas as contas de seus clientes para o Banco Central, Receita Federal e os órgãos competentes. Com isso, reforça que não havia nenhuma “conta oculta” da Tycoon na instituição. O Banco Rendimento refuta veementemente qualquer acusação de relação com o crime organizado.