19 agosto, 2025
terça-feira, 19 agosto, 2025

Pix investigado pelos EUA: entenda a defesa enviada pelo Brasil

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Bandeira dos Estados Unidos

Na última segunda-feira (18), o governo de Lula enviou uma defesa formal ao Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), em resposta a acusações de práticas desleais de comércio. Essa ação faz parte da investigação iniciada sob a Seção 301 da Lei de Comércio, a mesma ferramenta que o ex-presidente Donald Trump utilizou para impor tarifas sobre produtos brasileiros.

Mauro Vieira, chanceler do Brasil, assina o documento onde contesta a legitimidade das acusações dos EUA. O governo brasileiro argumenta que a Organização Mundial do Comércio (OMC) é a entidade adequada para resolver disputas comerciais, e considera a Seção 301 um instrumento unilateral, que vai contra as normas multilaterais.

Montagem com fotos de Donald Trump e Luíz Inácio Lula da Silva
Na defesa, governo Lula diz não reconhecer a legitimidade das acusações feitas pelo governo Trump.

O texto sublinha que o Brasil mantém um regime comercial “aberto e baseado em regras”, destacando que suas práticas são “razoáveis, justas, equitativas e não discriminatórias”. A investigação dos EUA, aberta em 15 de julho, aponta seis áreas de preocupação: acesso ao mercado de etanol, desmatamento ilegal, falhas na fiscalização anticorrupção, tarifas preferenciais injustas, propriedade intelectual e políticas digitais, incluindo o Pix.

A defesa brasileira refuta essas acusações, especialmente em relação às tarifas, defendendo que os acordos preferenciais foram estabelecidos com países do Mercosul e não prejudicam a relação comercial com os Estados Unidos, que beneficiam-se, segundo Vieira, de um superávit de US$ 7,4 bilhões em comércio de bens com o Brasil em 2024.

Sobre o Pix, o governo argumenta que o sistema foi reconhecido como uma “grande inovação” por instituições internacionais como o FMI e a OCDE. Com um total de transações movendo R$ 26,4 trilhões em 2024, o governo rejeitou que o Pix prejudique empresas estrangeiras. “Não há discriminação contra provedores de serviços de pagamento digital dos EUA”, afirmou o Itamaraty.

Ao fundo, notas de real; à frente, o logotipo do Pix em um smartphone
Governo afirmou que o Pix representa uma “grande inovação” reconhecida por instituições internacionais.

O documento também menciona que plataformas como WhatsApp, Facebook e Instagram podem oferecer seus próprios serviços de pagamento, desde que respeitem as exigências regulamentares locais, como a autorização do Banco Central e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Outro aspecto abordado na defesa refere-se ao Marco Civil da Internet. O USTR indicou que decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) poderiam limitar a competitividade das plataformas americanas, mas o Itamaraty afirma que essa interpretação está incorreta, ressaltando que não há censura prévia ou responsabilidade automática para empresas de tecnologia sobre conteúdos dos usuários.

Ministro do STF Alexandre de Moraes lendo documentos
Para o Itamaraty, leitura dos EUA sobre decisão do STF sobre Marco Civil da Internet “não está correta”.

Por fim, a defesa destaca que o Brasil é um dos maiores mercados digitais do mundo para plataformas dos EUA, classificando-se como o quarto maior mercado para o Facebook, o terceiro para o Instagram e o segundo para o WhatsApp. O governo conclui que não se pode sustentar que as empresas americanas estão sendo prejudicadas e observa que cada país deve encontrar um equilíbrio entre liberdade de expressão e direitos fundamentais.

O que você acha sobre esta defesa? Acredita que o Brasil conseguirá consolidar sua posição nesse embate comercial? Compartilhe suas opiniões nos comentários!

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