
Após um machucado, a coceira na ferida em processo de cicatrização é uma sensação recorrente. Esse sintoma, que pode parecer incômodo, é normalmente um sinal positivo de que o corpo está se recuperando. Mas afinal, até que ponto essa coceira é considerada normal e em que situações ela pode indicar um problema?
Neste texto, vamos explorar as razões por trás da coceira nas feridas, diferentes tipos de lesões, o processo de cicatrização, cuidados essenciais e os momentos em que é preciso buscar ajuda médica.
Tipos de feridas e suas características

As feridas podem ser classificadas de acordo com sua origem, grau de contaminação e nível de comprometimento tecidual.
Em relação à origem, encontramos cortes (bordas regulares), ralados ou abrasões (superficiais, com risco de infecção), lacerações (bordas irregulares), perfurações (causadas por objetos pontiagudos), incisões (feitas em cirurgias) e queimaduras (de 1º a 3º grau).
Quanto ao grau de contaminação, feridas limpas apresentam baixo risco de infecção, enquanto as contaminadas demandam cuidados adicionais. Em termos de comprometimento tecidual, feridas simples afetam apenas a pele, enquanto feridas complexas envolvem músculos, tendões ou vasos e requerem tratamento mais cuidadoso.
Como ocorre a cicatrização

A cicatrização pode suceder de três formas:
- Primária (1ª intenção) – rápida, resultando em pouca diferença em relação à pele original.
- Secundária (2ª intenção) – típica de feridas grandes ou irregulares, tende a deixar cicatrizes mais visíveis.
- Terciária (3ª intenção) – fechamento retardado, após a limpeza e remoção de tecidos mortos.
Durante esse processo, o corpo libera substâncias químicas que ativam células de defesa para a reconstrução dos tecidos, levando muitas vezes à sensação de coceira.
Mas afinal, por que a ferida coça?
A coceira, ou prurido, durante a cicatrização está ligada à fase inflamatória. Nesse estágio, o organismo libera histamina, uma substância que ativa terminações nervosas na pele, gerando a sensação pruriginosa. Outras substâncias, como proteases e citocinas, também contribuem, aumentando a sensibilidade na área. Na maioria das vezes, essa coceira é moderada, temporária e um indicador de que a cicatrização vai bem.

Quando a coceira torna-se preocupante?
Apesar de comum, a coceira pode se tornar um sinal de alerta se for intensa e persistente. Vale a pena prestar atenção caso venha acompanhada de vermelhidão, secreção ou inchaço. Se surgirem sintomas como febre ou calafrios, isso pode indicar infecção ou outras complicações, como cicatrizes hipertróficas ou queloides. além disso, coçar excessivamente pode reabrir a ferida e atrasar a cicatrização.
Situações especiais
Feridas cirúrgicas
A coceira é comum em feridas cirúrgicas, mas é essencial resistir à vontade de coçar, pois isso pode romper pontos e reabrir a incisão. O ideal é usar compressas frias para aliviar a sensação.
Úlcera venosa
Pacientes com insuficiência venosa crônica podem sentir coceira intensa. Para isso, o tratamento da ferida deve ir além da cicatrização, envolvendo o controle da condição subjacente.

Feridas nos pés que não cicatrizam
Essas feridas podem sinalizar infecções fúngicas ou complicações do pé diabético, necessitando de avaliação médica imediata.
Outras causas de coceira além da cicatrização
A sensação de coceira em uma ferida não é sempre apenas parte do processo de cura. Vários fatores podem estar envolvidos:
Distúrbios da pele
- Pele seca (xerodermia).
- Dermatite atópica ou de contato.
- Urticária.
- Infecções fúngicas ou parasitárias.
- Picadas de insetos.

Doenças sistêmicas
Algumas condições podem provocar coceira generalizada, mesmo na ausência de lesões visíveis:
- Doença renal crônica.
- Diabetes.
- Problemas no fígado ou vesícula.
- Alterações na tireoide.
- Alguns tipos de câncer, como leucemias e linfomas.
Distúrbios neurológicos
A irritação ou lesão nos nervos responsáveis pela sensação de coceira pode levar à coceira neuropática, observada em doenças como esclerose múltipla.
Fatores psicológicos
Quadros de ansiedade, depressão ou estresse podem desencadear coceira psicogênica, sem origem física direta.
Cuidados para aliviar a coceira sem prejudicar a ferida

Para amenizar a coceira sem danificar a ferida, é crucial evitar coçar a área, pois a fricção pode reabrir a lesão. Compressas frias são uma boa opção para afastar o prurido, enquanto curativos estruturais podem impedir o contato direto com a pele. Manter a pele hidratada, especialmente em climas áridos, contribui para o conforto durante a cura. Uma dieta equilibrada, rica em proteínas, vitamina A, vitamina C e zinco, também é benéfica para a recuperação dos tecidos.
Técnicas de relaxamento podem ajudar a controlar o estresse e, assim, diminuir a percepção da coceira. O uso de pomadas e cremes deve ser restrito e sempre com orientação médica, já que alguns produtos podem causar reações alérgicas ou atrasar o processo de cicatrização.
Agora que você sabe mais sobre a coceira durante a cicatrização e como gerenciá-la, compartilhe sua experiência ou dúvidas. Como você costuma lidar com a coceira em feridas? Deixe seu comentário!