A cantora e apresentadora Preta Gil, que faleceu no último domingo (20), aos 50 anos, deixou não apenas um legado artístico e pessoal, mas também uma história de resistência que começa ainda no cartório. Filha de Gilberto Gil, ela foi originalmente batizada com o nome que os pais desejavam: apenas “Preta”. No entanto, a escolha enfrentou resistência do tabelião responsável pelo registro.
Na ocasião, o funcionário do cartório alegou que “Preta” não poderia ser usado como nome próprio. Gilberto Gil argumentou, lembrando que nomes como Branca, Clara e Bianca eram amplamente aceitos, mas foi obrigado a ceder à imposição de incluir um nome “católico”. Assim, nasceu oficialmente Preta Maria Gadelha Gil Moreira.
Em entrevistas e postagens, tanto Preta quanto Gilberto relataram esse episódio como um marco simbólico. A cantora, que sempre assumiu sua negritude com orgulho e coragem, costumava brincar dizendo que “Maria foi por conta do tabelião e por conta da Mãe Divina”. O nome, que começou como imposição, se tornou parte essencial da artista e da mulher que ela foi: forte, espiritualizada, orgulhosa de suas raízes.
O episódio, hoje relembrado por fãs e amigos, sintetiza a trajetória de Preta Gil uma trajetória marcada por coragem, voz ativa e a afirmação de quem ela era, desde o nascimento até sua despedida.