Operação de crédito visa reequilibrar a empresa nos anos de 2025 e 2026; dirigente explicou que as despesas da estatal têm crescido cerca de 6% ao ano, considerando a inflação, e que será necessário reduzir custos de forma estrutural
EDUARDO MATYSIAK/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Correios registraram um prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, confirmou nesta quarta-feira (15) que a estatal busca captação de até R$ 20 bilhões em empréstimos com instituições financeiras, com garantia do Tesouro Nacional, para tentar normalizar suas operações e reequilibrar as contas. Segundo Rondon, o objetivo é estabilizar a empresa nos próximos dois anos e retomar o lucro apenas em 2027.
“A operação de crédito visa reequilibrar a empresa nos anos de 2025 e 2026. Ter tempo de adotar as medidas que começam a impactar em 2026, para em 2027 iniciar um ciclo de balanço no azul”, afirmou o presidente, em entrevista na sede da empresa, em Brasília.
O dirigente explicou que as despesas da estatal têm crescido cerca de 6% ao ano, considerando a inflação, e que será necessário reduzir custos de forma estrutural. Entre as medidas, está um novo Programa de Desligamento Voluntário (PDV) e a venda de imóveis ociosos que hoje geram despesas de manutenção. O PDV anterior resultou na saída de 3,5 mil funcionários, com uma economia anual estimada em R$ 750 milhões a partir de 2026. “O novo programa está sendo tratado de forma cuidadosa, para evitar perda de operacionalidade”, disse Rondon.
O empréstimo, segundo ele, será usado para quitar débitos com fornecedores e reforçar o caixa, garantindo o funcionamento cotidiano da empresa. “Precisamos normalizar a operação e renegociar contratos com fornecedores, para que consigamos ter retorno na qualidade dos serviços”, destacou. A primeira fase do plano de reestruturação dos Correios também prevê diversificação de receitas, com ampliação do portfólio de produtos e serviços. O foco, segundo Rondon, é garantir a sustentabilidade financeira da estatal no médio prazo.
Os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,37 bilhões no primeiro semestre de 2025. Rondon afirmou que os Correios não se adaptaram rapidamente à nova realidade do mercado após a pandemia, o que levou à perda de competitividade e de participação no setor de encomendas. “A perda de marketshare vem afetando o caixa e a operação da empresa, potencializando um ciclo negativo”, reconheceu.
Ele também destacou que o cenário de crise atinge outras empresas postais no mundo, como as do Canadá, Estados Unidos e Índia, que também acumulam prejuízos. Em contrapartida, França, Japão e China têm conseguido resultados positivos ao modernizar suas operações. “As empresas que conseguirem se adaptar ao novo ambiente e alcançar eficiência operacional terão mais chances de gerar resultados positivos”, concluiu Rondon.
*Com informações do Estadão Conteúdo