Em um momento de tensões políticas elevado, as lideranças da Câmara estão refletindo sobre a atual situação do PT. Embora o partido tenha comemorado uma vitória ao aprovar a PEC da Blindagem, o que aconteceu no último domingo (22/9) lançou uma sombra sobre seu futuro. O tom agressivo do PT, ao expor deputados que votaram a favor da PEC ao ataque nas redes sociais, gerou descontentamento entre colegas de diversas legendas, que se sentiram traídos e desrespeitados.
A frustração é particularmente evidente entre os partidos de esquerda e centro-esquerda. Para muitos, os votos em favor da PEC eram parte de um entendimento mais amplo para barrar a anistia à movimentação golpista alimentada por bolsonaristas. A direção do PT, no entanto, parece não ter considerado as possíveis repercussões de sua postura, causando animosidade e desconfiança que podem afetar futuras votações críticas, incluindo a reforma do Imposto de Renda, uma prioridade para o governo.
Os atos de domingo intensificaram os ataques a vários deputados, incluindo o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), aumentando a insatisfação com a estratégia do PT. O clima hostil traz à tona um risco considerável para a governabilidade, especialmente em tempos em que cada votação se torna um campo de batalha.
Enquanto isso, a proposta de anistia, que poderia ser utilizada como moeda de troca, parece estar fora de cogitação. Diante das sanções americanas, muitos acreditam que ela não será votada, mesmo entre os bolsonaristas que, inteiramente cientes das dificuldades, já reconhecem que a proposta não está mais aquecendo o debate político.
A PEC, que parecia uma questão de urgência, foi descartada pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), que declarou que a proposta será “enterrada de vez”. Na próxima reunião da CCJ, marcada para quarta-feira (24/9), Alencar deixou claro que a votação será pela reprovação da PEC. Isso foi corroborado pelo relator da proposta, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que também se posicionou contra o texto aprovado pela Câmara.
“Depois das manifestações de hoje, essa PEC será enterrada. Na quarta-feira, será o primeiro item que vamos votar na CCJ”, declarou o senador.