19 julho, 2025
sábado, 19 julho, 2025

Radicalização de jovens é sintoma, não causa, diz procurador do MPRS

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O promotor Fábio Costa Pereira, coordenador do NUPVE do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS)
O Procurador de Justiça Fábio Costa Pereira, coordenador do NUPVE do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS)

Nos dias atuais, a radicalização de jovens no ambiente digital se torna uma preocupação crescente entre especialistas em segurança pública e justiça no Brasil. Com o aumento de crimes cibernéticos envolvendo adolescentes, é essencial que as autoridades olhem mais de perto para o que ocorre nas plataformas online.

Esse fenômeno abrange ações alarmantes, como ameaças a escolas, exaltação de ideologias extremistas, incitações ao suicídio e a automutilação, além de abusos sexuais virtuais. Diante desse cenário, o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) criou o Núcleo de Prevenção à Violência Extrema (NUPVE), coordenado pelo Procurador de Justiça Fábio Costa Pereira, cujo objetivo é monitorar e prevenir essas tendências perigosas.

Pereira tem uma visão diferenciada sobre a radicalização juvenil, argumentando que a ideologia propagada por grupos extremistas representa um fator secundário na vida desses jovens. “O ódio que se espalha nas redes sociais não é a causa, mas sim um sintoma de problemas mais profundos”, afirma. Ele diz que muitos desses jovens são vítimas de histórico de abandono e isolamento, buscando um sentido de pertencimento em ideologias que não entendem completamente.

Em vez de se tratarem meramente de convicções políticas ou religiosas, as atitudes radicais frequentemente refletem um desejo de lidar com a angústia interna que esses adolescentes experimentam. A vida virtual oferece um espaço onde eles podem adotar identidades radicalizadas, buscando uma resposta simples para suas questões complexas. “No universo digital, eles se sentem livres para serem quem quiserem, sem um antagonismo lógico que faça sentido para nós”, explica Pereira.

Esse fenômeno é evidenciado em casos onde jovens se identificam com correntes ideológicas que claramente divergem entre si, como o exemplo de um adolescente que se considerava “nazista maoísta”. Essa confusão ideológica sugere que a compreensão de um mundo de dualidades e lógicas não se aplica quando se busca apenas a aceitação e a validação emocional.

O MPRS, por meio do seu Núcleo e do “Projeto Sinais”, visa identificar e atuar precocemente em casos de radicalização. Pereira destaca que a intenção não é apenas reprimir, mas educar e prevenir. O projeto treina educadores e profissionais da saúde para reconhecer sinais de risco, como isolamento social e consumo excessivo de conteúdo violento, que antecedem comportamentos radicais.

Em 2024, o núcleo registrou 158 eventos com potencial de violência extrema, demonstrando a urgência dessa abordagem. Pereira observa que a interação humana é crucial: “Quando capacitamos pessoas próximas aos adolescentes, conseguimos reconhecer padrões de comportamento que indicam radicalização.” A proposta é recuperar a essência dos laços humanos em um mundo cada vez mais digital.

Apesar dos esforços, o procurador destaca os desafios da tecnologia e a facilidade com que os jovens migram entre plataformas. “Concentrar esforços apenas nas grandes redes sociais é um erro; precisamos estar atentos às menores, onde muitos jovens se refugiam”, alerta.

A atuação do MPRS vai além da repressão; eles buscam entender e desradicalizar esses jovens, acompanhando-os em um processo que pode ser longo e complexo. É um ciclo que envolve entender a raíz da angústia e oferecer suporte emocional e psicológico, promovendo uma forma mais efetiva de combater a violência e a radicalização. Se você se preocupa com esse assunto e deseja discutir as soluções, compartilhe suas ideias nos comentários!

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