Nas ruas da Ucrânia, um clamor ecoa. Milhares de manifestantes se reuniram em Kiev, Odessa e Dnipro, marcando a primeira grande mobilização popular desde o início da guerra. O combustível dessa revolta? A tentativa do presidente Volodymyr Zelensky de retirar a independência dos órgãos anticorrupção, um assunto que revolta muitos ucranianos.
Desde que a invasão russa começou, a solidariedade à frente de combate e ao governo tem sido a norma. O apoio inabalável à figura de Zelensky, eleito em 2019, refletia os ideais de uma população unida pela adversidade. No entanto, a impossibilidade de realizar eleições programadas para 2024 provocou críticas não apenas entre os opositores, mas também em relação à democracias em tempos de guerra.
Embora a popularidade de Zelensky tenha suas oscilações, a oposição organizada nunca conseguiu emergir durante os anos de conflito. O discurso europeísta de Zelensky atraiu os jovens, mas as estruturas oligarcas ainda mantêm suas práticas arraigadas, resistindo a mudanças. A luta para transformar a Ucrânia em um membro da União Europeia trouxe promessas de reformas, mas a corrupção permanece como um fantasma na administração pública.
Organismos como o Escritório Nacional Anticorrupção trabalham para identificar fraudes e desvios, especialmente após a entrada de significativas ajudas internacionais. Apesar do esforço, crises internas de governança emergem e, após o desaparecimento de recursos, escândalos envolvendo ministros chamaram a atenção da população, evidenciando o abismo entre as promessas de Zelensky e a realidade.
A recente proposta de lei que submete os órgãos anticorrupção ao controle do procurador-geral foi a gota d’água. Os manifestantes exigem que Zelensky vete essa medida, uma clara sinalização de que o desejo por uma administração transparente ainda pulsa nas veias da sociedade. A postura do presidente, ao não usar seu poder de veto, levanta interrogações sobre seu compromisso real com a luta contra a corrupção.
À medida que a campanha militar enfrenta desafios e a espera por armamentos se arrasta, a inquietação cresce. O temor de que a Ucrânia retorne a práticas do passado e descreia do sonho europeu é palpável. A frustração com a continuidade de uma governança que parece se apegar a velhos modelos soviéticos sugere que a luta por um futuro diferente ainda está longe de um fim satisfatório.
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