Martinho da Vila, atração confirmada no Festival Estilo Brasil em 31 de outubro, é conhecido por ser um dos maiores nomes do samba e um artista de ecletismo musical notável. No entanto, entre sambistas e amantes do gênero, há um consenso de que um dos trabalhos mais celebrados é o álbum “Tendinha”, lançado pela RCA em 1978.
Considerado um disco “pé-no-chão” por tencionar mostrar o Samba de morro, “Tendinha” rapidamente se tornou o álbum preferido de “nove entre dez” admiradores da música, graças, em parte, à “batucada pesadíssima”.
O repertório deu destaque a compositores ligados às escolas de samba do Rio, incluindo nomes como Paulo Brazão, Cabana, Sidney da Conceição, Mário Pereira, Valter Rosa, Sarabanda, Nilton Santa Branca e Tião Graúna.
O disco foi considerado inovador dentro do samba por conta do formato enxuto, apresentando apenas seis faixas, sendo que três delas consistiam em pot-pourri de diversos sambas.
Essa estrutura inovadora e a sonoridade marcante acabaram por antecipar o movimento que despontaria a ganhar força a partir dos anos 1980: o Pagode.
O álbum de 1978 é um marco na carreira de Martinho da Vila e inclui sucessos como “Mulata Faceira” e “Amor Não é Brinquedo”, essa última em parceria com o sambista Candeia. A produção, os arranjos e a regência do projeto ficaram a cargo de Rildo Hora.
A gravação contou com músicos renomados, muitos dos quais eram instrumentistas seminais do novo estilo que surgia nos quintais cariocas. Na seção de cavaquinho estava Almir Guineto e Carlinhos Som 7 enquanto o ritmo ficou sob a batuta de Conjunto Som 7, Nelsinho do Balanço e Sereno.
Sereno, do grupo Fundo de Quintal, é reconhecido por criar o tantã para substituir o surdo de marcação, uma das inovações instrumentais centrais do Pagode.
“Tendinha” também reforça a ligação direta com as raízes do novo samba ao incluir participações especiais, como a de Neoci Dias, que dividiu os versos em “Zé Ferreira” (parceria de Neoci com Jorge Aragão). Neoci foi uma figura importantíssima na formação do movimento que surgiu no fim dos anos 70 no Cacique de Ramos e era filho de João da Baiana.
A força de “Tendinha” reside, portanto, na celebração da musicalidade da Zona Norte e do subúrbio, o mesmo ambiente de quintais grandes e festivos onde Martinho da Vila viu o Pagode nascer e ganhar o Brasil.
O próprio Martinho, que define o Pagode como um “filho ilustre do samba”, lembra que o espírito desses encontros nos quintais, como o da Dona Doca, Seu Zé da Light e Maria (mulher do Bastião), era tão contagiante que todos, até mesmo os mais sérios, “entravam no clima e curtiam igual a todo mundo”.
Ao levar essa história e o samba de raiz para o palco em Brasília, Martinho da Vila revisita clássicos, e celebra a alegria genuína e a profundidade cultural de uma obra como “Tendinha”, lembrando ao público do Festival Estilo Brasil que, para o eterno bamba, o samba é uma “aula” de história e ritmo.
Compre seu ingresso
O evento tem o oferecimento do Banco do Brasil Estilo, patrocínio dos cartões BB Visa, Banco do Brasil e Governo Federal. A realização é do Metrópoles, com produção da Oh! Artes.
Programação:
Fagner
24 de outubro
Lô Borges, Beto Guedes e Sérgio Hinds
Turnê: Esquinas & Canções
25 de outubro
Martinho da Vila
31 de outubro
Tim Bernardes
8 de novembro
Paralamas do Sucesso & Dado Villa Lobos
Turnê: Celebrando 40 anos de Clássicos
21 de novembro
Caetano Veloso
11 de dezembro
Festival Estilo Brasil
Local: Ulysses Centro de Convenções
Ingressos: Bilheteria Digital