O samba, um símbolo vibrante da cultura brasileira, foi escolhido como o tema do Carnaval de Salvador de 2026. Contudo, entre a teoria e a prática, surgem contradições alarmantes. Antes da celebração, que promete homenagear “110 Anos de Samba”, a realidade na capital baiana levanta questionamentos sobre a preservação dessa rica tradição.
Um exemplo marcante dessa inquietude é o caso do Samba do São Lázaro, um evento que se tornou um verdadeiro fenômeno entre os jovens da cidade, sendo um dos principais pontos de encontro nas noites de sexta-feira de 2023 e 2024. No entanto, suas vibrações festivas foram abruptamente interrompidas por uma restrição de horário, proibindo a festa de continuar após as 22h. Esse cenário não apenas afastou amantes do samba, mas também deixou um vácuo significativo na vida cultural da região.
Thiago da Silva, um dos organizadores do evento, expressou a frustração da comunidade. “Infelizmente, sem o samba tá difícil para todos. O público clama pela nossa volta”, desabafou, ressaltando o impacto negativo que a proibição teve na vida de 45 famílias dependentes da festividade. Apesar das autorizações obtidas junto à Prefeitura, incluindo a anuência do padre local, a pressão dos vereadores e moradores da região teve o poder de calar essa expressão cultural vibrante.
A situação se agrava com relatos de abordagem agressiva por parte dos órgãos municipais, levando os organizadores a suspender as celebrações. “Havia um clima de insegurança, com a Guarda Municipal cercando o palco”, afirmou Thiago, revelando a hostilidade enfrentada. Com o evento gratuito fora do calendário, muitos já estão se voltando a festas pagas, atestando que, mesmo sob cerceamento, o amor pelo samba permanece forte e resiliente.
A cultura do samba, imortalizada pela histórica música ‘Pelo Telefone’, de Donga e Mauro de Almeida, não apenas sobrevive, mas também se adapta. Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2007, o samba incorporou novas vertentes e se destaca nas paradas musicais, em especial com o pagode, que vem conquistando espaço nas plataformas digitais, competindo até com o sertanejo.
Eventos como o Samba de Quinta e o Banjo Novo são provas de que a cena do samba em Salvador se reinventa continuamente. Samora Lopes, idealizador do Banjo Novo, celebrou a nova onda do samba, destacando que artistas de outros gêneros estão cada vez mais se unindo ao movimento, consolidando um renascimento cultural.
Recentemente, a cantora Ivete Sangalo também se uniu à festiva onda do samba com seu show ‘Ivete Clareou’, evidenciando que o ritmo é parte integral da identidade soteropolitana. “Samba é uma coisa que faz parte da minha vida desde pequena”, declarou em tom nostálgico durante o lançamento do evento.
Entretanto, o futuro do samba em Salvador ainda é incerto. A Prefeitura prometeu iniciativas para fortalecer essa cultura, mas será que esses esforços ocorrerão efetivamente fora do Carnaval? Em um cenário em que a tradição clama por apoio, o samba continua a pulsar no coração da Bahia, mesmo frente a adversidades.
E você, o que pensa sobre o futuro do samba em Salvador? Deixe seu comentário e compartilhe suas experiências e expectativas para essa rica tradição!