Em uma operação impactante, a Polícia Federal flagrou presidentes de entidades culturais do Maranhão e uma assessora parlamentar envolvidos em um esquema de desvios de recursos públicos. Durante uma ação na agência Palácio dos Leões do Banco do Brasil, eles foram surpreendidos ao efetuar saques que totalizavam cerca de R$ 420 mil, oriundos de emendas parlamentares destinadas à cultura.
O montante deveria ser utilizado em eventos como a festa do Dia das Crianças, mas nada disso aconteceu. Entre os presos estavam:
- Larissa Rezende Santos, assessora da deputada Andreia Rezende (PSB);
- Ivan Jorge da Piedade Madeira, presidente da Companhia de Cultura Popular Catarina Mina; e
- Maria José de Lima Soares, presidente da Associação Recreativa e Beneficente Folclórica e Cultural de Maracanã, além de representante da Banzeiro Grande Produções LTDA.
Conforme apurado, esses indivíduos eram parte de um núcleo financeiro responsável por movimentar os recursos desviados, cuja origem está relacionada a emendas parlamentares para entidades culturais de fachada. O que se revelou foi um esquema onde parlamentares direcionavam emendas a entidades, possibilitando que seus representantes realizassem saques fracionados, ocultando a verdadeira destinação do dinheiro.
Um dos momentos mais emblemáticos dessa operação aconteceu quando Larissa foi flagrada tentando entregar uma mochila com R$ 400 mil a uma deputada estadual, logo após o saque. Além disso, as declarações extraídas durante a prisão indicaram que os presos pretendiam dividir os valores entre si. Estava claro que o objetivo era ocultar a cadeia de desvios que vinha ocorrendo.
A investigação revelou que Larissa alegou que o dinheiro seria destinado à Assembleia Legislativa do Maranhão, enquanto Maria José afirmou que tratava-se de recurso indicado por emenda parlamentar. A distribuição do montante envolvia R$ 400 mil para Larissa, R$ 19.350 encontrados na bolsa de Maria e R$ 50 mil depositados na conta de Ivan.
A Polícia Federal documentou que há evidências contundentes associados a crimes de peculato e corrupção passiva, uma vez que os recursos eram destinados a um evento do Dia das Crianças que nem ao menos aconteceu. As prisões, ocorridas em 17 de outubro, foram homologadas pelo juiz titular da 5ª Vara Criminal.
Em suas declarações, Ivan sustentou que o projeto do Dia das Crianças ainda seria realizado, independentemente da data, e que o dinheiro foi repassado à Maria para a realização das atividades culturais. Enquanto isso, Maria defendeu que sua produtora apenas executa projetos e não possui uma equipe fixas, apenas auxiliares temporários.
Larissa, por sua vez, optou pelo silêncio, exercendo seu direito constitucional. A reportagem buscou esclarecimentos junto aos assessores de imprensa dos deputados envolvidos e ao Governo do Maranhão sobre a liberação dos recursos, mas não obteve respostas. O espaço permanece aberto para futuros esclarecimentos.