Goiânia – De acordo com a Polícia Civil de Goiás (PCGO), o suposto serial killer Rildo Soares do Santos, de 33 anos, que já confessou três feminicídios, até o momento, em Goiás, é suspeito de outros 15 crimes, inclusive em outros estados. Natural da Bahia, o homem é suspeito de delitos no estado onde nasceu.
Em coletiva de imprensa nessa segunda-feira (30/9), o delegado que investiga o caso, Adelson Candeo, deu detalhes sobre a apuração. De acordo com ele, Rildo é investigado por feminicídio, furto, ocultação de cadáver, tentativa de estupro e latrocínio. O suspeito está preso desde 12 de setembro, quando voltou ao local onde uma das vítimas foi morta e foi detido pela polícia. Ele está na Casa de Prisão Provisória (CPP) de Rio Verde, no sudoeste goiano.
Na ocasião, a polícia informou que considera o homem um “criminoso em série”. “O FBI e outras instituições entendem que um criminoso em série é a partir de três vítimas com as mesmas características, dissimulação, falta de empatia, falta de remorso e arrependimento, violência excessiva e piromania em alguns casos, modos operandis semelhantes. Então, consideramos sim um criminoso em série”, afirmou Candeo.
Em nota, a Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO) informou que o representou durante a audiência de custódia e não atua mais no caso.
Crimes investigados
Natural de Salvador (BA), Rildo é investigado por cinco casos na Bahia, sendo um roubo, um estupro, dois homicídios e um caso de violência doméstica.
Dos 11 crimes em que é suspeito em Goiás, a maioria ocorreu no Bairro Popular, em Rio Verde, após se mudar para o estado goiano em janeiro de 2025.
Até o momento, a polícia confirmou em território goiano, três feminicídios, três estupros, tentativa de feminícido, e diversos crimes patrimoniais. Além disso, Rildo é suspeito de ter participado do desaparecimento de outras duas mulheres.
Confira abaixo a linha do tempo dos crimes cometidos em GO por criminoso em série:
01/03/2025 – Estupro
01/03/2025 – Estupro e tentativa de feminicídio
04/05/2025 – Desaparecimento
10/05/2025 – Roubo de celular, dano, furto de veículo e incêndio
17/05/2025 – Estupro
07/07/2025 – Feminicídio
29/08/2025 – Feminicídio
29/08/2025 – Desaparecimento
07/09/2025 – Latrocínio
12/09/2025 – Feminicídio
Suspeito agia com violência
De acordo com a polícia, o suspeito tinha o costume de usar uniforme ao cometer os crimes, para se disfarçar como um funcionário de limpeza urbana,.
“O uniforme era usado sempre na prática dos crimes, tanto no latrocínio quanto no feminicídio. Era uma forma de facilitar a abordagem da vítima, andar de madrugada pelas ruas e evitar uma eventual abordagem da polícia”, contou o delegado.
Segundo o investigador, o homem retornava aos locais dos crimes como uma forma de vaidade. “Observar a Polícia Técnico-Científica, a Polícia Civil e a Polícia Militar isolando a área, tudo isso trazia prazer a ele”, contou.
“É nítido que essa violência toda, excessiva, empregada contra as vítimas, era totalmente desnecessária, que revela o prazer desse indivíduo em praticar o crime, com total falta de empatia contra suas vítimas”, disse Candeo.
De acordo com a polícia, o homem usava de artifícios como: ataques violentos; uso de fogo; violência sexual; ocultação de cadáveres; não tinha vínculos com as vítimas; cometia crimes perto da própria casa; agia a noite ou de madrugada e fez mais vítimas mulheres.
A polícia identificou que as mulheres dos casos de feminicídios também sofreram violência sexual, eram dependentes químicas e andavam a noite. Elas foram mortas “com pancadas na cabeça, em um terreno baldio, durante uma madrugada, foram deixadas sem roupas e com alguma tentativa de ocultação de cadáver”, declarou o investigador.
Objetos das vítimas
Conforme a explicação do delegado, na residência onde o homem morava sozinho, foram encontradas mais de cinco bolsas, facas e bonecas. Uma das bolsas chegou a ser reconhecida pela mãe de uma das mulheres desaparecidas.
Elisângela Silva de Souza foi encontrada morta em um lote baldio no dia 11 de setembro. Segundo a Polícia Civil, ela foi abordada por Rildo enquanto caminhava para ir ao trabalho. Nesse momento, o suspeito teria anunciado um assalto e obrigado a vítima a acompanhá-lo até um terreno baldio.
Segundo o delegado, o suspeito alega que a a vítima teria entrado em luta corporal com ele, caiu e bateu a cabeça. Depois, ele escondeu o corpo dela e tirou a calça dela para dificultar a localização, já que a calça dela era vermelha e destoava do terreno. No entanto, o corpo dela estava completamente enterrado.
Ainda de acordo com o investigação, embora o suspeito não tenha confirmado a prática de violência sexual, a perícia identificou que a vítima foi violentada. Em depoimento, ele chegou a afirmar que a jovem caiu e que não queria matá-la.
“A quantidade de lesões que a Elisângela tinha no rosto e no crânio deixa muito evidente que não foi um acidente. Ela foi agredida com extrema violência e extrema barbaridade”, declarou Candeo.
Feminicídios
De acordo com o delegado, após a morte de Elisangêla e a prisão de Rildo, a polícia levantou a suspeita de que ele poderia ser o autor de outros dois feminicídios, que ocorreram de formas similares, como o caso da mulher em situação de rua, Monara Pires.
O investigador pontuou que a partir da apuração dos outros dois casos de feminicídios, foi possível confirmar a autoria de Rildo em um latrocínio. “Em seguida, chegou a confirmação de que ele já havia cometido crimes sexuais na cidade, através da Delegacia da Mulher”, disse.
Após a divulgação da imagem de Rildo, mulheres vítimas de estupro foram identificadas. Uma delas chegou a ter o corpo queimado, mas conseguiu escapar. “O Rildo tem prisões decretadas por feminicídio e também pelos crimes de estupro. Ele vai responder e ser indiciado por esses crimes. A investigação continua em relação às mulheres desaparecidas, para tentar localizar esses corpos, e confirmar outros eventuais crimes”, ressaltou o delegado.
Adelson deu detalhes de um dos casos de desaparecimento que é investigado. “A localização do telefone dela é muito próxima ao local em que o Rildo se encontrava por último, ou seja, a localização de ambos é muito próxima de onde essa mulher foi vista pela última vez”, contou.
O delegado mencionou ainda que a polícia está tentando informações sobre pelo menos dois feminicídios, que teriam sido cometidos no estado da Bahia, com características semelhantes aos de Goiás.