Reprodução/GoogleStreetView

Uma das entidades envolvidas na Farra do INSS, o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical (Sindnapi) movimentou R$ 6,5 milhões em espécie nos últimos seis anos. O valor considera depósitos e saques feitos a partir de uma conta bancária do sindicato entre janeiro de 2019 e junho de 2025.
As informações constam em relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS e obtido pela coluna. No total, o Sindnapi girou R$ 1,2 bilhão no período analisado.
O montante movimentado em dinheiro vivo pelo Sindnapi chamou a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). “Esse tipo de movimentação é considerado complexo, dada a dificuldade de rastreamento da origem primária dos recursos e da identificação dos beneficiários finais”, explica o relatório do órgão.
1 de 4
Frei Chico, irmão de Lula e vice-presidente do Sindnapi
Ricardo Stuckert
2 de 4
CPMI do INSS já tem requerimento para convocar Tonia Galleti, coordenadora jurídica do Sindnapi e amiga de Carlos Lupi
Tonia Galleti / Instagram
3 de 4
Sede do Sindnapi no Centro de São Paulo
Reprodução/GoogleStreetView
4 de 4
Presidente da CPMI Carlos Viana (Podemos_MG) e o relator Alfredo Gaspar (União-AL)
Na sequência, o Coaf diz ainda que foram observadas diversas transações envolvendo pessoas físicas e jurídicas distintas. “Sem que fosse possível estabelecer uma relação clara entre essas partes e o sindicato, dificultando a compreensão do propósito e da legitimidade dessas movimentações”.
Procurado, o Sindnapi não se manifestou até a publicação desta reportagem.
O Relatório de Inteligência Financeira revela ainda que empresas de familiares de dirigentes do Sindnapi receberam R$ 8,2 milhões da entidade no período analisado. Os repasses foram feitos pelo sindicato a companhias que têm como donos os parentes do atual presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, o Milton Cavalo; e o ex-presidente, antecessor de Milton, João Batista Inocentini, o João Feio, morto em agosto de 2023. Essa informação foi publicada pela coluna Andreza Matais, do Metrópoles.
Entre os investigados na “Farra do INSS”, o Sindnapi está, ao lado da Contag, entre as entidades que mais se beneficiaram dos descontos aplicados aos aposentados. Segundo o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU), o Sindnapi não conseguiu apresentar a documentação completa de nenhum associado dentro de uma amostra aleatória selecionada pelo órgão.
Investigação contra o Sindnapi
- Ligado à Força Sindical, o Sindnapi é investigado pela Polícia Federal (PF) no escândalo da farra de descontos do INSS, revelado pelo Metrópoles.
- O inquérito serviu de base para a Operação Sem Desconto, deflagrada no último dia 23 de abril e que culminou na demissão do ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto e do ex-ministro Carlos Lupi.
- A entidade tem autorização para descontos associativos há mais de 10 anos. Entre 2021 e 2023, auge da farra dos descontos, o número de cerca de 170 mil filiados saltou para 420 mil associados.
- No mesmo período, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), o faturamento do sindicato foi de R$ 41 milhões para R$ 149 milhões.
- O Sindnapi, porém, não foi incluído na investigação aberta pelo INSS, assumida pela Controladoria-Geral da União (CGU) e que motivou ação da Advocacia-Geral da União (AGU) contra entidades que já eram alvo da PF.
- O INSS afirma que a ação mirou associações com indícios de pagamento de propina ou “tidas como fantasmas e que não tinham condições mínimas para sua existência”, o que não é o caso do Sindnapi.
