Três meses após o anúncio de um acordo entre os governos de Lula e Tarcísio de Freitas para oferecer imóveis gratuitamente às famílias da Favela do Moinho, a disputa política acirrou-se. Em meio a essa tensão, a comunidade, uma das últimas do centro de São Paulo, se tornou palco de alegações e críticas entre os dois lados.
De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende que a concessão de subsídios de até R$ 250 mil é possível graças às ações do governo federal. Ele esteve na favela em junho, onde assinou a portaria do programa habitacional, ressaltando a agilidade do governo. Por outro lado, a gestão de Tarcísio critica a lentidão e a burocracia na liberação dos recursos federais, afirmando que a remoção de famílias tem ocorrido sem assistência externa.
Essa corrida política para estabelecer quem será o responsável pela solução definitiva na comunidade ficou evidente nos últimos dias. Na manhã do dia 15 de agosto, Lula postou um vídeo nas redes, acompanhado pelo ministro das Cidades, Jader Filho (MDB), anunciando a publicação da lista das primeiras famílias da favela a serem beneficiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Lula criticou a proposta inicial do governador, que oferecia apenas R$ 800 para a saída dos moradores: “Exigimos que o governo do estado melhorasse sua proposta, e as pessoas só deixarão a favela quando estiverem preparadas para isso”, afirmou o presidente.
O ministro Jader complementou que mais de 50% das famílias da Favela do Moinho já seriam atendidas, com a expectativa de que esse número aumentasse rapidamente. Contudo, a resposta da gestão estadual não tardou. Em um comunicado, o governo Tarcísio destacou a remoção de 479 famílias do Moinho com recursos próprios e reafirmou seu compromisso em garantir apoio gratuito às famílias até a chegada da Caixa Econômica à operação.
A disputa pelo terreno da Favela do Moinho ganhou força quando Tarcísio solicitou a cessão do local para a construção de um parque e uma estação, cadastrando os moradores na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Desde abril, a retirada das famílias gerou protestos, inclusive interrupções na circulação de trens, com relatos de intimidação policial surgindo nas comunidades. Pressionada, a gestão federal anunciou em maio que atenderia a população com a oferta de imóveis gratuitos.
No novo projeto acordado, cada família poderá adquirir um imóvel de até R$ 250 mil, com subsídios do governo federal e estadual cobrindo até R$ 180,5 mil e R$ 70 mil, respectivamente. Moradores também poderão optar por imóveis novos ou usados em qualquer cidade de São Paulo, com auxílio-moradia durante a transição. Estima-se que após a divulgação da lista de famílias beneficiárias, o processo de desocupação da favela avança ainda mais.
A troca de acusações entre os governos acontece em um contexto de crescente atenção política. Enquanto Lula se prepara para uma possível reeleição, Tarcísio tenta se consolidar como uma alternativa viável no cenário oposicionista, refletindo as complexidades políticas em jogo nas soluções habitacionais para a Favela do Moinho.
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