Tudo sobre Elon Musk
Nesta quinta-feira, os acionistas da Tesla estarão diante de uma decisão crucial que poderá definir o futuro de Elon Musk na empresa. Em uma votação esperada para a reunião anual, os investidores analisarão um pacote de remuneração colossal, avaliado em quase US$ 1 trilhão (cerca de R$ 5,7 trilhões), que poderia aumentar o controle de Musk sobre a companhia. O resultado dessa votação será determinante para sua permanência no comando.
Dividindo opiniões, a proposta bilionária gera debates acalorados entre especialistas e investidores. O conselho da Tesla defende que esse plano é vital para manter Musk “motivada e focada em grandes metas”, mas críticos alertam para o risco de uma concentração excessiva de poder, especialmente em uma empresa tão dependente de sua liderança.

Nesta reunião, os acionistas decidirão se Musk terá ganhos praticamente trilionários em ações, além de um aumento significativo em seu papel nas decisões estratégicas. O desfecho pode gerar tanto um fortalecimento da posição de Musk quanto um início de incertezas sobre a governança da Tesla.
O plano, a ser votado, propõe um pacote de ações a serem distribuídas a Musk ao longo de dez anos, condicionadas ao cumprimento de uma série de metas ambiciosas. Entre essas metas estão:
- Aumentar o valor de mercado da Tesla de US$ 1,4 trilhão para US$ 8,5 trilhões;
- Vender 20 milhões de veículos elétricos;
- Recolocar um milhão de robôs humanoides em operação;
- Estabelecimento de um milhão de robotáxis em circulação comercial.
Além disso, a proposta inclui a assinatura de dez milhões do sistema de direção autônoma FSD, considerado um pilar da estratégia tecnológica da empresa. Caso Musk atinja as metas, seu controle sobre a Tesla poderia se intensificar, detendo quase 29% das ações, o que levanta preocupações sobre os riscos dessa concentração de poder.

O pacote é dividido em doze fases de compensação, ligadas ao desempenho da empresa. Segundo o conselho, essa estrutura é uma forma de garantir que o pagamento ocorra somente mediante resultados concretos, mantendo Musk motivado a longo prazo. A presidente da Tesla, Robyn Denholm, enfatiza que o plano reflete a visão ambiciosa de Musk e sua importância central na transformação da companhia em uma referência em robótica e inteligência artificial.
No entanto, a proposta é contestada por consultorias como Glass Lewis e ISS Stoxx, que pedem aos investidores que rejeitem o plano, argumentando que ele pode ser concedido mesmo que algumas metas não sejam cumpridas. Além disso, a composições do conselho – composto por amigos e familiares de Musk – levanta questões sobre a independência das decisões.
Apesar das controvérsias, analistas de mercado preveem uma aprovação do plano, impulsionada pelo sólido apoio de Musk entre acionistas individuais. A tensão aumentou desde setembro, quando Musk apresentou o novo plano de remuneração, solicitando maior controle sobre a empresa em função de projetos ambiciosos como o robô humanoide Optimus.

Durante a divulgação dos resultados trimestrais, Musk expressou seu temor de ser “expulso no futuro” se não obtiver poder suficiente para liderar o que descreve como um “exército de robôs”. O apelo para aprovação desse pacote é reforçado pela presidente do conselho, que ressalta a importância de Musk para o futuro da Tesla.
A votação transcende a discussão sobre remuneração, pois poderá definir o equilíbrio de poder dentro da Tesla e a confiança dos investidores na liderança de Musk. Se o pacote for aprovado, a posição de Musk se estabilizará, tornando-o praticamente imune a decisões contrárias do conselho.

Para os aliados, essa estabilidade é vital para garantir a execução de planos de longo prazo, que visam transformar a Tesla em uma companhia de robótica, energia e IA. Contudo, se a proposta avançar com apenas apoio restrito, a reputação da Tesla poderá ser comprometida. Especialistas afirmam que o resultado da votação será um reflexo da força do “mito Musk” entre os acionistas, cuja lealdade tem sido crucial para manter o valor da empresa.
Como afirmou a professora Ann Lipton, da Universidade do Colorado, “essa eleição é mais do que sobre dinheiro – é sobre o quanto os acionistas ainda acreditam que Elon Musk e a Tesla são inseparáveis”.