
No entorno do Distrito Federal, o transporte público enfrenta uma dura realidade que impacta a vida de milhares de cidadãos. Um levantamento recente da Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Anatrip) revela uma queda alarmante no número de passageiros que utilizam a linha Planaltina (GO)-Brasília: de 22.000 em 2018 para apenas 12.570 em 2023, uma redução quase de 50%.
Diante desse cenário, muitos moradores de Planaltina de Goiás estão optando por alternativas como vans e carros particulares, organizados por meio de grupos em redes sociais. O Metrópoles entrou em um desses grupos, onde é comum ver pessoas oferecendo ou solicitando caronas para o mesmo destino, criando uma rede de solidariedade para enfrentar a precariedade do transporte público.
Conversando com algumas integrantes desse grupo, é possível perceber o descontentamento generalizado. Ana, 33 anos, residente de Cidade Ocidental (GO), compartilha sua experiência: “A superlotação é insuportável. Após um dia exaustivo, ficar em pé por duas horas em um ônibus abarrotado é inaceitável. Já cheguei a passar mal e desmaiar devido ao calor.”
Para Ana, a solução passa pela ampliação da frota e pela redução das tarifas, que se tornaram exorbitantes. “Se as coisas não mudarem, não volto a usar o transporte público,” ela sentencia.
A história de Carla, 28 anos e moradora de Luziânia (GO), também reflete essa insatisfação. “Desde que comecei a trabalhar no Plano Piloto, há três anos, as caronas se tornaram uma opção viável. O conforto e a rapidez são imbatíveis, mesmo que a passagem seja semelhante à do ônibus,” relata. Para ela, a condição dos ônibus na linha Luziânia-DF é inadmissível, com bancos apertados que tornam a viagem desconfortável.
Milena, 28 anos, de Valparaíso de Goiás, enfrenta um dilema semelhante. Ela criticou a falta de acessibilidade e a escassez das linhas de ônibus, afirmando que um cadeirante não conseguiu embarcar devido a falhas na plataforma de acessibilidade. Após uma tentativa frustrada de usar o transporte público, decidiu que a carona seria a única alternativa.
Para entender mais a fundo a questão, o Metrópoles conversou com Gabriel Oliveira, secretário-executivo da Anatrip. Ele destacou que a escassez de subsídios governamentais para o transporte no Entorno eleva ainda mais as tarifas, colocando a carga financeira integralmente sobre os passageiros, ao contrário do que ocorre no DF. “Essa realidade torna o transporte clandestino mais atraente, uma vez que muitas pessoas se sentem forçadas a buscar alternativas,” explicou Gabriel.
Com a proposta de um consórcio interfederativo, há esperança de mudanças. “Precisamos reverter a evasão de passageiros e priorizar a segurança deles, especialmente em transportes clandestinos,” afirma Gabriel. Ele sugeriu que, com a implementação desse consórcio, poderia haver uma redução gradual das tarifas, entre 10% e 15% ao longo de cinco anos.
Enquanto a situação não se transforma, a comunidade continua buscando alternativas viáveis. Você já passou por alguma experiência semelhante no transporte público? Compartilhe sua história nos comentários!