A recente comparação entre a Eurocopa e a Copa América Feminina revela uma notável disparidade na forma como o futebol feminino é tratado e promovido. Enquanto a Eurocopa conquistou públicos recordes, a Copa América enfrentou um cenário oposto, caracterizado por infraestrutura inadequada e uma visível falta de apoio institucional. As jogadoras, como Kerolin, atacante da Seleção e do Manchester City, não hesitaram em expressar seu descontentamento nas redes sociais: “É surreal a diferença de estrutura, audiência e investimento”, desabafou. Sua frustração foi ampliada por um ambiente de trabalho que deixava a desejar, refletindo um descaso muito presente no futebol feminino sul-americano.
A situação se agravou quando se compararam as realidades das duas competições em termos de organização e condições de jogo. Desde 2016, a Conmebol exigiu que os clubes que participaram da Copa Sul-Americana e da Libertadores tivessem equipes femininas, porém a implementação real só começou em 2019, e o suporte técnico e logístico permanece aquém do esperado. Após vencerem a Libertadores, as jogadoras do Corinthians denunciaram a precariedade do transporte, compartilhando imagens de um ônibus em péssimas condições, evidenciando a falta de seriedade em relação à modalidade.
As críticas se tornaram um padrão não apenas durante a Libertadores, mas também na Copa América, onde atletas como Marta e Ary Borges levantaram suas vozes contra o descaso da Conmebol. Em um torneio onde apenas três estádios estavam disponíveis, as seleções enfrentaram a limitação de jogarem em um único espaço com intervalos míseros para aquecimento. Foi somente após protestos que a Conmebol permitiu que as jogadoras utilizassem o gramado por 15 minutos antes das partidas.
Em contraste, a Eurocopa utilizou oito estádios e quebrou recordes de público, com 29 dos 31 jogos com ingressos esgotados. Competições como essa demonstram que mesmo eventos em países onde o futebol feminino é menos desenvolvido podem atrair enormes públicos. A UEFA Women’s EURO 2025 registrou mais de 623 mil espectadores, superando todas as expectativas em termos de audiência e engajamento.
As cifras falam por si. A Conmebol destinou apenas US$ 1,5 milhões para a equipe vencedora, enquanto a Eurocopa distribuiu 41 milhões de euros entre todas as seleções participantes, garantindo que cada uma recebesse cerca de 1,8 milhões de euros apenas por competir. Esse investimento significativo destaca a prioridade da UEFA no fortalecimento do futebol feminino.
Ademais, a UEFA está se comprometendo com o futuro do futebol feminino através de iniciativas como o projeto Unstoppable, que prevê investimentos significativos até 2030. Com objetivos claros de criar ligas profissionais e aumentar a visibilidade do futebol feminino, a UEFA estabelece um novo paradigma que a Conmebol deve urgentemente considerar. A diferença de abordagem e compromisso entre as duas confederações não poderia ser mais clara. É tempo de ação e aprendizado!
Como você enxerga o futuro do futebol feminino na América do Sul em comparação com o que está ocorrendo na Europa? Deixe seu comentário e compartilhe suas opiniões!