A recente interação de Janja da Silva com um grupo de mulheres evangélicas na Bahia revelou o complexo desafio que o governo enfrenta ao tentar se conectar com esse público. Em apenas dois minutos, a primeira-dama exortou as mulheres a se unirem na luta contra a opressão, afirmando: “não tem outra pessoa que vai fazer isso pela gente. Somos nós mesmas que temos que nos colocar”.
Entretanto, essa abordagem gerou descontentamento. Para muitos evangélicos, a força e a inspiração vêm de Jesus Cristo, como expressado em Filipenses 4:13: “Tudo posso naquele que me fortalece”. Ao declarar que a mudança deve partir delas mesmas, Janja, inadvertidamente, desconsiderou a centralidade de Jesus na vida dos fiéis, o que gerou receio entre os presentes.
Pastoras de diferentes vertentes emergiram no debate e, de forma unânime, indicaram que o problema não reside apenas no fato de Janja ser uma praticante do candomblé. O real desafio, apontam, está na sua aparente falta de afinidade com os valores evangélicos, especialmente em questões sensíveis, como o aborto, e na sua busca por diálogo em ano pré-eleitoral.
No entendimento do cientista político Bruno Soller, a escolha da Igreja Batista Adonai como cenário para a fala de Janja buscou alcançar um segmento mais moderado do evangelicalismo. Essa estratégia, segundo Soller, contrasta com a forte ligação que o tradicionalismo, em especial o neopentecostal, tem com a direita brasileira e o bolsonarismo. Como ele próprio observou: “Falar com um público conservador nesses termos não funciona — ela não os convence.”
Além disso, é importante considerar que, desde a redemocratização, a população evangélica no Brasil saltou de 9% para 38%. Essa ascensão fez com que muitas lideranças políticas desejassem dialogar com esse segmento, especialmente após o crescimento do bolsonarismo, que trouxe consigo uma reafirmação dos preceitos religiosos. O debate agora vai além de questões sociais, envolvendo profundas interpretações sobre o sentido da vida.
Diante dessa realidade, como você acredita que o governo poderia construir uma ponte mais sólida com o público evangélico? Deixe sua opinião nos comentários!