Os Estados Unidos estão a 35 dias das eleições presidenciais. Nesta terça-feira (1º/10), os candidatos à vice-presidência se enfrentam em debate da CBS News, na cidade de Nova York, a partir das 22h (horário de Brasília).
J.D. Vance compõe a chapa junto ao republicano Donald Trump. Tim Walz foi o nome escolhido pela democrata Kamala Harris para disputar a Casa Branca ao seu lado.
Diferentemente do Brasil, os debates de vice-presidentes nos EUA são comuns e costumam gerar impactos nas eleições. Analistas destacam que esse debate, em especial, pode ter um valor maior ao eleitorado, visto que será o primeiro e último debate em uma corrida eleitoral acirrada.
O debate terá a duração de 90 minutos, com dois intervalos comerciais de quatro minutos. As equipes dos candidatos não poderão interagir com eles durante o debate.
Não haverá plateia, e, diferentemente do debate entre Trump e Kamala, os microfones dos candidatos permanecerão ligados quando o oponente estiver falando. Porém, a CBS News poderá silenciar a qualquer momento os dispositivos.
Guerra no Oriente Médio O primeiro tema do debate foi sobre o ataque realizado, nesta terça-feira (1º/10), pelo Irã a Israel.
Tim Walz fez questão de lembrar, inicialmente, os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro. Para ele, a capacidade de Israel de se defender é “absolutamente fundamental”, e que a “liderança estável” de Joe Biden também é fundamental.
Já J.D. Vance criticou a atuação do governo de Joe Biden e Kamala Harris sobre o assunto, e afirmou que se Donald Trump fosse presidente, a guerra não ocorreria.
“Mesmo o governador falando que Donald Trump é um semeador do caos, ele conseguiu controlar a situação do Irã, porque ele entendeu que as pessoas precisam temer os Estados Unidos”, disse Vance.
O candidato complementou afirmando que a decisão de entrar ou não na Guerra é de Israel, e que a função dos EUA “é proteger nosso país”.
Questão ambiental A segunda pergunta do debate foi sobre o furacão Helene e a crise climática. Vance referiu-se ao furacão como uma “tragédia humana inacreditável e indescritível”.
Sobre as mudanças climáticas, o republicano afirmou que “muitas pessoas estão justificadamente preocupadas com todos esses padrões climáticos loucos”. Na sequência, Vance destacou que ele e Trump apoiam “ar limpo, água limpa”, que Trump quer que o meio ambiente seja “mais limpo e seguro”.
O vice da chapa republicana disse que a resposta para reduzir as emissões de carbono seria “reabastecer o máximo possível de fabricação americana” e produzir o máximo de energia possível nos EUA.
Como resposta, Tim Walz afirmou que Kamala Harris é a candidata que propôs medidas efetivas ao longo de sua trajetória para combater as mudanças climáticas, e lembrou que Donald Trump as chamou de “farsa”.
Walz destacou que o governo Biden-Harris fez “investimentos maciços, o maior da história global” para combater as mudanças climáticas.
O democrata ressaltou que os agricultores de Minnesota, estado onde é governador, “sabem que a mudança climática é real”, tendo visto secas e inundações.
Imigração O terceiro tema do debate foi a questão migratória nos Estados Unidos. J.D. Vance culpou a candidata democrata Kamala Harris pela “crise histórica de imigração” e afirmou que as políticas de fronteira de Donald Trump deveriam ser retomadas, que e o muro na fronteira com o México deve ser construído.
Ele ainda reforçou que a primeira coisa que a chapa republicana irá fazer, se eleita, é a deportação de “migrantes criminosos” e tornar mais difícil a entrada ilegal de pessoas nos EUA, para “minar os salários dos trabalhadores americanos”.
Vance afirmou existe separações infantis “massivas” dos pais graças à “fronteira aberta” de Kamala Harris. Ele também acusou o governo democrata de ter permitido que os cartéis de drogas mexicanos operassem livremente e usassem crianças como mulas de drogas.
Já Tim Walz destacou que Kamala Harris, como procuradora-geral da Califórnia, processou gangues transnacionais por tráfico humano e intervenções de drogas.
Walz ainda acusou Vance de tentar “desumanizar e vilanizar outros seres humanos” ao reforçar as alegações falsas sobre imigrantes comendo animais de estimação em Springfield, declaração feita por Trump em debate contra Kamala.
Vance respondeu que as pessoas com as quais ele está mais preocupado em Springfield “são os cidadãos americanos cujas vidas foram destruídas pela fronteira aberta de Kamala Harris”.
Questão econômica Os planos econômicos de Kamala Harris e Donald Trump foram o tema seguinte do debate entre os vices.
Tim Walz foi questionado sobre como o governo democrata pagaria pelo plano econômico de Kamala Harris. Para ele, os mais ricos terão que “pagar sua parte justa, pois quando você faz isso, nosso sistema funciona melhor”.
Em referência a Trump, Walz diz ter benefícios fiscais para os ricos, e que aumentar tarifas levaria a uma maior inflação.
Como resposta, J.D. Vance afirmou que o plano econômico de Donald Trump “não é apenas um plano”. “Quando as pessoas dizem que o plano econômico de Donald Trump não faz sentido, eu digo para olhar para o que ele entregou”.
Walz rebateu ao afirmar que Kamala herdou o fracasso de Trump durante a pandêmia de Covid, o que levou “ao colapso da nossa economia”.
O democrata ainda ressaltou que Trump “não pagou nenhum imposto federal nos últimos 15 anos”. “Isso é o que há de errado com o sistema. Estamos apenas pedindo justiça”, complementou.
Aborto Tema de constante embate entre democratas e republicanos, o direito reprodutivo das mulheres nos Estados Unidos também fez presente no debate desta terça.
Tim Walz culpou Donald Trump por reverter a resolução Roe vs Wade, que garantia o direito ao aborto a todas as mulheres dos EUA até a 24ª semana de gravidez, e de ter “anulado 52 anos de autonomia pessoal”.
O democrata lembrou que em seu estado, Minnesota, foi restaurada a resolução. “Nós nos certificamos de colocar as mulheres no comando de seus cuidados de saúde”, destacou.
Ele disse que o Projeto 2025, um conjunto de propostas republicanas, irá dificultar a obtenção de contracepção e limitar o acesso ao tratamento de infertilidade. “Este é um direito humano básico”, considerou.
J.D. Vance negou que o governo Trump criaria uma agência federal de monitoramento da gravidez e afirmou que muitos americanos não concordam com o que ele disse sobre os direitos reprodutivos das mulheres, mas que é um “republicano que orgulhosamente quer proteger a vida inocente neste país”.
Vance lembrou que ele e Trump se esforçam para ser “pró-família no sentido mais completo da palavra”, e que apoia os tratamentos de fertilidade para que as mães possam se dar ao luxo de ter bebês.
Violência armada Os candidatos foram perguntados sobre o que fariam para controlar a violência armada nas escolas.
JD Vance disse que confia na aplicação da lei local ou nas autoridades locais para tomar essas decisões relativas ao controle de armas, pois acha “que em alguns casos a resposta será sim. Em alguns casos, a resposta será não”, diz ele.
Ele destacou que o que o incomoda é que a “maioria” da violência armada no país é cometida com armas de fogo obtidas ilegalmente, culpando “fronteira aberta” de Kamala Harris pelo “influxo maciço” no número de armas ilegais.
Como solução para as escolas, Vance disse que elas precisam aumentar a segurança, incluindo fazer as portas “trancar melhor” e “mais fortes”.
Já Tim Walz afirmou que é proprietário de armas de fogo e que passou um tempo na Finlândia, onde eles têm altas taxas de posse de armas e que “ninguém está tentando assustar e dizer, estamos pegando suas armas”.
Mas que seu filho de 17 anos testemunhou um tiroteio em um centro comunitário e “essas coisas não te deixam”.
J.D. Vance disse que acredita que uma grande parte do problema da violência armada nos EUA é por causa da “crise de saúde mental neste país”.
Como resposta, Walz disse que é preciso ser “muito cuidadoso” ao estigmatizar a saúde mental, “porque você ter um problema de saúde mental não significa que você é violento. O que acabamos fazendo é começar a procurar um bode expiatório. Às vezes são apenas as armas. São apenas armas, e há coisas que você pode fazer sobre isso”.
Moradia As mediadoras questionaram Tim Walz sobre a promessa da campanha de Kamala de dar assistência de US$ 25.000 para compradores de casa pela primeira vez, um crédito fiscal de US$ 10.000 e construir três milhões de casas.
Walz respondeu que o problema é que muitas pessoas veem a habitação como uma mercadoria que pode ser comprada e movida e que, por isso, “precisamos torná-lo mais acessível”.
Walz destacou que as políticas de habitação de Harris não aumentarão os preços e que dar às pessoas moradias estáveis criará mais estabilidade no mercado de trabalho, pois “pessoas com moradia estável acabam com empregos estáveis. Pessoas com moradia estável têm seus filhos capazes de ir à escola. Todas essas coisas, a longo prazo, acabam economizando nosso dinheiro”.
No entanto, J.D.Vance culpou Kamala Harris por “deixar milhões” de pessoas no país e aumentar o custo da moradia.
Ele afirmou que o que mudaria a equação para os cidadãos americanos seria reduzir os preços da energia e, como diz Donald Trump, “perfurar, baby, perfurar”.
“Se abrirmos a energia americana, você terá alívio imediato de liberação de preços para os cidadãos americanos”, afirmou Vance.
Ele diz que há muitas terras federais que “não estão sendo usadas para nada” e culpabilizou os imigrantes.
“Temos muitos americanos que precisam de casas. Deveríamos estar expulsando imigrantes ilegais que estão competindo por essas casas, e deveríamos estar construindo mais casas para os cidadãos americanos que merecem estar aqui”, concluiu Vance.
Matéria em atualização…