O empresário do ramo imobiliário e um dos alvos da Operação Cianose, Cleber Isaac Ferraz Soares, coleciona mais de 80 no Brasil. Na manhã de desta terça-feira (26), a Polícia Federal esteve na casa dos pais dele, no Corredor da Vitória, para cumprir mandados de busca e apreensão sobre a compra de respiradores pelo Consórcio do Nordeste no início da pandemia da covid-19.
No maior site jurídico do mundo, Jusbrasil, o nome dele está atrelado a 81 processos, sendo a maioria no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), seguindo pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA) – há também ações tramitando no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). As ações foram movidas por pessoas que sentiram lesadas na compra em três empreendimentos em Itacaré através de duas empresas de Cleber, a GJ Incorporações Ltda e a Loteamento Itacaré Ville.
Nos empreendimentos Villas do Mar e Itacaré Bangalôs, somam 40 pessoas que moveram ações conta a GJ Incorporações Ltda (Grupo Jacandá). Segundo o advogado de Cleber, Milton Ventorim Júnior, o dinheiro para obras dos dois condomínios de casas foi adquirido através de empréstimo de um banco. “São processos do Banco BVA que decretou falência em 2012 e trouxe muitos Hoje, a massa falida entrou em acordo com a GJ e a maioria das pessoas já conseguiu já teve a casa construída”, garantiu Ventorim.
Compradores do Loteamento Itacaré Ville também entraram na justiça. Nas ações aparece o nome da RFM Incorporadora Ltda. “O que aconteceu: a RFM fez um empréstimo para a Itacaré Ville, que por sua vez, não teve como saldar a dívida, devido à crise da construção civil em 2012. Muitos empresários de renome quebraram, alguns por má gestão, outros, devido ao financiamento, como é o caso de Cleber”, declarou.
Ele ressaltou que todos os 81 processos não têm relação com a investigação da compra dos respiradores que não foram entregues. “São todos referentes a processos cíveis, comerciais, relacionados a contratos. Ele (Cleber) é um empreendedor imobiliário e atua na área de consultoria para novos negócios”, declarou o advogado.
Respiradores
Cleber foi indiciado na CPI dos respiradores, instaurada pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte, em dezembro do ano passado. De acordo com as investigações, há documentação que sugere ter ele recebido R$ 3.000.000,00 por ter facilitado o contato entre a empresa Hempcare junto ao Consórcio Nordeste.
A empresa recebeu R$49 milhões do Consórcio Nordeste em abril de 2020, mas não entregou nenhum respirador. A empresa não devolveu o dinheiro e alegou que o utilizou para pagar um fabricante chinês.
O empresário foi indiciado por associação criminosa (arts. 288 do Código Penal) e corrupção ativa (art. 333 do Código Penal).
Corredor da Vitória
Agentes da Polícia Federal estiveram logo cedo no 16º andar do edifício Mansão Victory Tower, no Corredor da Vitória
O CORREIO apurou que os policiais chegaram ao prédio antes das 7h e só saíram às 9h, carregando um malote.
“Eles (federais) chegaram às 5h40. Apresentaram o mandando na portaria e subiram para o 16° andar. Não precisaram arrombar a porta porque havia gente lá, mas não Isaac, pois estava viajando. Até pouco tempo ele estava aí, mas não é a casa dele. Quem reside são os pais, mas o mandado foi para todos os endereços onde ele poderá ser localizado”, disse um morador de um edifício vizinho, que tinha acabado de sair para caminhar e presenciando a chegada da PF no edifício.
Milton Ventorim disse que o empresário se apresentou à PF. “Compareceu a sede da Polícia federal em Ilhéus de forma espontânea. Entregou o celular dele e deixou documentos de toda as tratativas durante o processo de venda dos respeitadores. Cleber Isaac foi um consultor contratado inclusive após as negociações terem se iniciado e comprovará o seu empenho para solução dessa entrega dos respiradores, mesmo não tendo gerência ou qualquer participação na empresa Hemp Care”, declarou.